Respirar num mundo em que não nos pertence, estar em tudo e e em nada ao mesmo tempo
Ser a essência, a vida, a morte, a união, a separação, a dor, a calúnia, a misericórdia
A compaixão, a mão que afaga, o ódio, a destruição, a natureza, a beleza, o horror
Não ser nada, existir em todos os aspectos
Ora, mas o que é mesmo a existência?
A energia abundante que tudo permeia, da qual estamos cheios e mal sabemos
A vontade que em todos habita, o vácuo entre a matéria que ainda desconhecemos
E o mundo gira, rodando a uma velocidade incrível
O macro e o micro se encontram e se complementam, tornando-se exatamente a mesma coisa
A vontade tem poder absoluto, pois ela é a geradora de todas as coisas
E como saber o certo e o errado, se tudo é incerto e nada é exato?
Pois apenas busquemos o que nos completa, o bem comum e a realidade universal
Valores incompreensíveis para muitos, mas tangíveis para tantos outros que agora estão vindo
Transformações, mudanças...tão necessárias quanto o nosso oxigênio cotidiano
Levantar-se, tentar, lutar...restaurar o que for possível e fazer tudo novo
O criador está em tudo, o criador é tudo
Toda a criação reflete sua inefável sabedoria e seu infinito amor
Cantemos, cantemos essa melodia eterna, nascida da Primeira Causa
Talvez estejamos errados, mas saudemos o alvorecer de uma nova visão
A consciência que se manifesta em tudo, que faz tudo, que é tudo, que a tudo pertence
Nós somos o Todo, o Absoluto, a verdade por trás das enganações
E mesmo que nem tudo possamos unificar, procuremos pelos caminhos da luz
Deixemos a centelha do conhecimento eterno resplandecer na imensidão estrelada
Permitamos ao tempo curvar-se em sua própria curvatura compartilhada e dependente, juntamente a tudo que existe
Criemos nosso mundo, nosso universo, nossa vida e sejamos as ondas que se espalham pela vasta escuridão
Atraiamo-nos uns pelos outros, para sabermos que fazermos parte da mesma coisa
Sintamos o mais ínfimo pedaço de nosso ser, espelhemos a mais sublime e minúscula maravilha da criação
Soemos em uníssono, com os distantes e os próximos
Alcemos para outros mundos, conheçamos outras buscas e novos horizontes
E assim, simetrica ou assimetricamente, escolhamos a realidade mais real
Sonhem e devaneiem, vós que sabeis buscar pela verdade
Sorriamos e felicitemos a beleza da existência, em todas as suas imperfeições, nós que apenas procuramos
E essa é a música, a canção do espaço-tempo incluída em cada um de nós
Pois tudo somos, tudo sabemos, nada deixamos para trás
Tudo nos contempla, tudo nos assiste
Somos o centro e ao mesmo tempo o ponto perdido na infinitude de um sistema inacabado
Somos o Criador, a manifestação da vida
Somos o belíssimo Universo Perfeito no qual habitamos.
Um mundo que gira sem sair do lugar...
Pensamentos, surtos, loucuras, paixões, insights, vontades, discussões, reflexões, filosofias, inutilidades, egocentrismo, fé, esperança e uma pitada de baboseiras. Tudo isso por mim, para mim e também para qualquer outro com quem eu tenha de coabitar nesse corpo.
AVISO
Este blog encontra-se atualmente desativado. O mesmo autor escreve textos agora para o Capita a tutti. Se estiver interessado (a) siga-o nesse endereço.
terça-feira, 15 de junho de 2010
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Another World
Once again the government tries to show an admirable work. If Iran is doing something wrong (and this could be read as “trying to develop a better health’s system) we are the ones who can stop this. At least if “we” are not, USA and EU surely are.
Brazil and Turkey, though, are two countries that are not buying it, which can easily be noted if we consider the recent agreement between them and the Iranian leader. However, such civilized deal wasn’t well accepted by the whole world even showing itself able to put an end in many discussions. At this moment the problem got bigger: the question about what kind of global politic organization we have has just been reborn.
The end of the 2º World War brought us all to a New Order, a bright and until then never experienced way to rule our world. Among the ashes and the saddest memories we could ever create the multi-polar world came to reality. Well, but it may have happened only in our imagination after all, and we can see it now.
In 2003 we all watched the US’s invasion of Iraq and turned our eyes to that giant confusion. The reasons were extremely easy to understand: the Iraq was under an oppressive government, responsible for eliminating all possibilities of its citizen’s happiness. In another words, we were just simply denying our role as part of a really established world while leaving a country to be ruled by animal laws. That’s why USA decided to make the first move, because someone had to do it.
Today it became funny, almost a reason to laugh, noticing how ONU has won much more importance than in 2003. At that time it determined USA had no rights to make its way through those Western Asian soils, decision which was not taken as an order. It sounded to them more like a joke, nothing else. But everybody changes, this is for sure.
Now, with this international problem, the words have changed too. “Let’s get together to stop this crime against mankind. They may kill themselves if we don’t act”. That’s right; Iran must obey and leave behind this stubborn will of having its own health and energy system. And whoever tries to support them, like Brazil and Turkey did, is just as crazy as Ahmadinejad.
Unfortunately our thoughts can’t just go away and at this point there are probably only two questions that can be done, once we have already realized the real problem: do we really live in a multi-polar world or would it be just a lie? Have we been fooled all this time? The answers are not quite clear yet but we can find them very soon, maybe sooner than we expect to.
Brazil and Turkey, though, are two countries that are not buying it, which can easily be noted if we consider the recent agreement between them and the Iranian leader. However, such civilized deal wasn’t well accepted by the whole world even showing itself able to put an end in many discussions. At this moment the problem got bigger: the question about what kind of global politic organization we have has just been reborn.
The end of the 2º World War brought us all to a New Order, a bright and until then never experienced way to rule our world. Among the ashes and the saddest memories we could ever create the multi-polar world came to reality. Well, but it may have happened only in our imagination after all, and we can see it now.
In 2003 we all watched the US’s invasion of Iraq and turned our eyes to that giant confusion. The reasons were extremely easy to understand: the Iraq was under an oppressive government, responsible for eliminating all possibilities of its citizen’s happiness. In another words, we were just simply denying our role as part of a really established world while leaving a country to be ruled by animal laws. That’s why USA decided to make the first move, because someone had to do it.
Today it became funny, almost a reason to laugh, noticing how ONU has won much more importance than in 2003. At that time it determined USA had no rights to make its way through those Western Asian soils, decision which was not taken as an order. It sounded to them more like a joke, nothing else. But everybody changes, this is for sure.
Now, with this international problem, the words have changed too. “Let’s get together to stop this crime against mankind. They may kill themselves if we don’t act”. That’s right; Iran must obey and leave behind this stubborn will of having its own health and energy system. And whoever tries to support them, like Brazil and Turkey did, is just as crazy as Ahmadinejad.
Unfortunately our thoughts can’t just go away and at this point there are probably only two questions that can be done, once we have already realized the real problem: do we really live in a multi-polar world or would it be just a lie? Have we been fooled all this time? The answers are not quite clear yet but we can find them very soon, maybe sooner than we expect to.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Verdades Sem Razão
Não encontrar mais, não acreditar por um dia, esquecer e não dizer
Falar? Guardar? Esperar? Não, não...não
Assim desfalece, assim examina, assim se perde
Acrescentar dois pontos ao quadro, tornar o louco são em sua própria debilidade
Mente sem rumo, escrava de desejos efêmeros e vãos
Instável, à deriva em um mar bravo e irresoluto
Como a água sem destino, como o esconderijo perdido
Arrefecem os amores do coração, incendeiam as paixões que buscam a razão
E não encontram senão vontade de ser, mas descobrem-se incapazes de crescer
Por que a fé não sabe seu caminho?
Por que guia sem ver a luz de sua crença?
Sem Deus não haveria eu, sem mim não haveria Deus
Com certeza a dúvida morreria, mas sem dúvida nada existiria
E cai, cai para não mais se levantar
Como uma amnésia temporária, como o dia que não tarda a vir
Sem movimento, correndo à velocidade da luz
Metáforas sem sentido, alusões a realidades individuais
Egocentrismo exacerbado, imperceptível e fruto de pensamentos quiçá errados
A magia foge, escapa para seu universo isolado e inatingível
Ficam os ares, a sede, a vontade, a soberba
Carregam-nas o luto, a vida morta na ausência de um suspiro
E as memórias do que não existiu, sonhos irreais da alma
Mentira auto-explicativas, de objetivos nobres e exaltados
Vivem com elas as verdades, sem razão para respirar
Sem ar se deixam, morrem, e vivem sua vida já acabada como se um dia tivessem vivido
Falar? Guardar? Esperar? Não, não...não
Assim desfalece, assim examina, assim se perde
Acrescentar dois pontos ao quadro, tornar o louco são em sua própria debilidade
Mente sem rumo, escrava de desejos efêmeros e vãos
Instável, à deriva em um mar bravo e irresoluto
Como a água sem destino, como o esconderijo perdido
Arrefecem os amores do coração, incendeiam as paixões que buscam a razão
E não encontram senão vontade de ser, mas descobrem-se incapazes de crescer
Por que a fé não sabe seu caminho?
Por que guia sem ver a luz de sua crença?
Sem Deus não haveria eu, sem mim não haveria Deus
Com certeza a dúvida morreria, mas sem dúvida nada existiria
E cai, cai para não mais se levantar
Como uma amnésia temporária, como o dia que não tarda a vir
Sem movimento, correndo à velocidade da luz
Metáforas sem sentido, alusões a realidades individuais
Egocentrismo exacerbado, imperceptível e fruto de pensamentos quiçá errados
A magia foge, escapa para seu universo isolado e inatingível
Ficam os ares, a sede, a vontade, a soberba
Carregam-nas o luto, a vida morta na ausência de um suspiro
E as memórias do que não existiu, sonhos irreais da alma
Mentira auto-explicativas, de objetivos nobres e exaltados
Vivem com elas as verdades, sem razão para respirar
Sem ar se deixam, morrem, e vivem sua vida já acabada como se um dia tivessem vivido
Sem Pensar, Sem Dizer, Sem Encontrar
Se o tempo parasse para me esperar eu o acharia meu inimigo
Mas se corre a meu lado, sem dizer suas vontades, o vejo como insensato
Sem opção eu também vou, gastando fôlego e força, mas nem esperando saber
Busco aquilo que não me apraz, rejeito o que me faz bem
Espero as coisas que não virão e procuro as que aqui já estão
Um resgate, um momento de loucura, um pensamento perdido e largado às traças
A estrela do dia vindouro brilha num céu iluminado, mas ofuscado por desejos incompletos
E assim sinto-me eu, sem rumo e vontade, sem harmonia que me baste e felicidade que me alimente
Se lhe dissesse que não sei acabaria com duas vidas
Talvez o fizesse por todos meus anos e então destruisse muito mais
Não desisto, embora não ache espaço para sonhar
E se escrevo minhas falas, perco-me em meio aos devaneios
Esqueço as verdades e dou meus valores às mentiras
Saio sem luz, guio nas trevas de florestas densas e perigosas
Não encontro razão, não espero sensatez
Sem pensar, sem dizer, sem aclamar ou gritar
Encerro dentro de mim todos os afazeres, os projetos abandonados
Largo a solidão, troco-a pela exaustão
Ignoro o dia, ignoro as pessoas, ignoro as vozes e os chamados
Repito o que não entendo e enxergo pouco
Sem dizer, sem pensar, sem saber
Pouco se dá por muito, muito se perde por nada
Virtudes como as pessoas possuem não são as minhas
Não há, na verdade, qualidade alguma
Escondo o que não devo, exponho o que poderia guardar
Sem pensar, sem dizer
Perde-se a voz, perdem-se os pensamentos
Morre sem explicação, falece em um eufemismo de esperança eterno
Sem pensar, sem dizer, sem encontrar
Apenas acaba
Mas se corre a meu lado, sem dizer suas vontades, o vejo como insensato
Sem opção eu também vou, gastando fôlego e força, mas nem esperando saber
Busco aquilo que não me apraz, rejeito o que me faz bem
Espero as coisas que não virão e procuro as que aqui já estão
Um resgate, um momento de loucura, um pensamento perdido e largado às traças
A estrela do dia vindouro brilha num céu iluminado, mas ofuscado por desejos incompletos
E assim sinto-me eu, sem rumo e vontade, sem harmonia que me baste e felicidade que me alimente
Se lhe dissesse que não sei acabaria com duas vidas
Talvez o fizesse por todos meus anos e então destruisse muito mais
Não desisto, embora não ache espaço para sonhar
E se escrevo minhas falas, perco-me em meio aos devaneios
Esqueço as verdades e dou meus valores às mentiras
Saio sem luz, guio nas trevas de florestas densas e perigosas
Não encontro razão, não espero sensatez
Sem pensar, sem dizer, sem aclamar ou gritar
Encerro dentro de mim todos os afazeres, os projetos abandonados
Largo a solidão, troco-a pela exaustão
Ignoro o dia, ignoro as pessoas, ignoro as vozes e os chamados
Repito o que não entendo e enxergo pouco
Sem dizer, sem pensar, sem saber
Pouco se dá por muito, muito se perde por nada
Virtudes como as pessoas possuem não são as minhas
Não há, na verdade, qualidade alguma
Escondo o que não devo, exponho o que poderia guardar
Sem pensar, sem dizer
Perde-se a voz, perdem-se os pensamentos
Morre sem explicação, falece em um eufemismo de esperança eterno
Sem pensar, sem dizer, sem encontrar
Apenas acaba
A Teia Dos Pensamentos
Como a noite tece seu caminho pelo céu, quebrando a memória de um dia acabado
Assim também vão meus pensamentos, que sem aviso partem e me deixam
Nova terra não encontram, porquanto perdem seu rumo e não retornam ao dono
Mas por longe estarem, inatingíveis, inalcançáveis, escrevem novas histórias
E largam seus companheiros para sozinhos existirem
Se eu também o fizesse rezaria para reconhecer quem sou
Buscaria encontrar esse pedaço que nunca esteve aqui, embora faça tanta falta
E como uma mãe rompe o coração de seu filho, deixando-o só a encarar dois mundos estranhos
Meus sonhos viajam para o espaço
E eu fico preso, sem rumo e sem destino, sem hora para acordar e devendo para quem não deveria dever
Mãe minha, somente lhe peço que não se vá, que não faças tão grande viagem
Pois sem teus conselhos, tua voz, sem teu amor e tua esperança torno-me apenas mais uma criatura
Não escrevas teu futuro sem mim, não desapareças para mais tarde retornares
Não sei se aqui estarei ao fim de seu novo rumo, se contigo hei de encontrar-me
Peço te, imploro-te, apenas que não me deixes
Minha teia não pode ser construída sem ti, tampouco se a noite escurece minha visão
Se tens que partir, dê-me tão somente uma luz para guiar-me pelas estradas que encontrarei
Pois tu és tudo que tenho, minha mente, meus olhos, meu ser
E se estou sem ti, falta também minha alma em mim
Chamo-te por tal importância, pois quero fazer-lhe entender
És tu, sois vós, tendes a vida de amanhã e o futuro carregais convosco
Adiante segui-me, levai-me, esperai-me e escutai-me
Fazei um novo dia, criai nova Terra
E com ela trazei uma nova teia, na qual em também me ache
Forçai-me a descobrir quem sou, abri-me os olhos antes que eu perca e desista de procurar
Assim também vão meus pensamentos, que sem aviso partem e me deixam
Nova terra não encontram, porquanto perdem seu rumo e não retornam ao dono
Mas por longe estarem, inatingíveis, inalcançáveis, escrevem novas histórias
E largam seus companheiros para sozinhos existirem
Se eu também o fizesse rezaria para reconhecer quem sou
Buscaria encontrar esse pedaço que nunca esteve aqui, embora faça tanta falta
E como uma mãe rompe o coração de seu filho, deixando-o só a encarar dois mundos estranhos
Meus sonhos viajam para o espaço
E eu fico preso, sem rumo e sem destino, sem hora para acordar e devendo para quem não deveria dever
Mãe minha, somente lhe peço que não se vá, que não faças tão grande viagem
Pois sem teus conselhos, tua voz, sem teu amor e tua esperança torno-me apenas mais uma criatura
Não escrevas teu futuro sem mim, não desapareças para mais tarde retornares
Não sei se aqui estarei ao fim de seu novo rumo, se contigo hei de encontrar-me
Peço te, imploro-te, apenas que não me deixes
Minha teia não pode ser construída sem ti, tampouco se a noite escurece minha visão
Se tens que partir, dê-me tão somente uma luz para guiar-me pelas estradas que encontrarei
Pois tu és tudo que tenho, minha mente, meus olhos, meu ser
E se estou sem ti, falta também minha alma em mim
Chamo-te por tal importância, pois quero fazer-lhe entender
És tu, sois vós, tendes a vida de amanhã e o futuro carregais convosco
Adiante segui-me, levai-me, esperai-me e escutai-me
Fazei um novo dia, criai nova Terra
E com ela trazei uma nova teia, na qual em também me ache
Forçai-me a descobrir quem sou, abri-me os olhos antes que eu perca e desista de procurar
domingo, 9 de maio de 2010
Forse sia la cosa più importante...
Tutti i giorni noi vediamo cose e ci dimentichiamo di questionare nostre azioni, domandarci si siamo facendo il meglio di noi! A volte solo ricordamo di pensare sull'atitudini dell'altre persone e non tentiamo davvero imparare quello che già pensiamo di sapere, senza riflettere che poi tutte le certezze che abbiamo si tratteranno di cambiare per tornarsi nuovi pensamenti. Non ascoltiamo le parole, non diamo la importanza alla verità del nostro cuore e di quello che siamo. Ma la cosa più importante è imparare e caminnare da sempre senza lasciare la speranza di qualche giorno vivere la felicità, perchè si nom crediamo che possiamo fare e trarre i sogni a realtà non c'è ragione per stare aqui e svegliarsi domani.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Causas Menores e Conseqüências Maiores
Para a Construção Civil o problema provavelmente se deu por conta da ausência de fundações. Já para os ambientalistas o incidente teve como causa a erosão do solo. Não é muito difícil perceber que, levando um pouco mais a fundo as duas visões, ambas estão interligadas e são fatores constituintes de um problema muito maior: a falta de infra-estrutura. Esta é, sem dúvida alguma, imprescindível para garantir a resistência de uma construção diante de fatores geológicos e climáticos intensos. E é exatamente a falta de planejamento que trouxe o desmoronamento do Morro do Bumba em Niterói, Rio de Janeiro, na noite do dia 07/04, uma quarta-feira chuvosa que, sem aviso prévio, mudou para sempre a vida de dezenas de pessoas.
Durante dezesseis anos, de 1970 a 1986, o local foi utilizado como lixão, sendo considerado, na época, o segundo maior do município carioca. O lugar, no entanto, ao término do governo Wellington Moreira Franco, já havia atingido sua capacidade máxima, ficando totalmente saturado e forçando, conseqüentemente, sua transferência para outro ponto. Quando finalmente encontrou-se um novo destino final para o lixo, a área foi desativada e sua ocupação vetada. Isso perdurou, porém, apenas por um breve período, pois aos poucos a fiscalização tornou-se ineficiente, e pequenas casas de alvenaria começaram a ser erguidas no local.
Foi nesse período que o então governador Leonel Brizola realizou uma obra de saneamento e levou ao morro o programa “Uma Luz Na Escuridão”, gerando também a construção posterior de uma escola e implantação do programa ‘Médico de Família. Pouco a pouco o lugar foi ganhando novas características, passando a contar com uma quadra poliesportiva e uma creche. Com o incentivo governamental, a população residente no Morro do Bumba cresceu cada vez mais, sem consciência dos riscos aos quais estava exposta. Entretanto, cerca de 20 anos após o início da ocupação, vieram os problemas, mostrando-se muito maiores do que poderiam, outrora, aparentar ser.
Se estudarmos o solo constataremos que suas características podem apresentar-se de diversas formas, dependendo do lugar analisado e os agentes intempéricos atuantes. Todavia, existe um processo que é intrínseco a todos os tipos de solo e pode, em alguns casos, levar a desbarrancamentos e desmonoramentos, sendo denominado “erosão”. Sua ocorrência se dá através do carregamento de partículas constituintes do solo e é natural, podendo, no entanto, ser intensificada de acordo com as condições específicas do lugar.
A retirada da mata é um fator que se encontra numa relação diretamente proporcional à erosão, uma vez que as raízes das árvores são responsáveis por manter o solo firme e evitar seu fácil deslizamento. Deve-se lembrar, ainda, que quanto maior a inclinação do terreno mais forte será sua erosão, já que a diferença de altura proporciona maior mobilidade às partículas no nível mais alto, as quais, por sua vez, serão levadas para baixo pelo vento ou água. Morros possuem, deste modo, alta propensão natural a desenvolver processos erosivos violentos, os quais só podem ser minimizados pela vegetação de porte arbóreo.
Construções mal projetadas e frágeis têm grande probabilidade de apresentar problemas estruturais ao longo do tempo. Pode-se colocar a fundação feita de forma errônea como, provavelmente, a maior causa do surgimento de dificuldades no firmamento de edificações, sendo seus efeitos, além disso, cumulativos, pois possui a função de fornecer a base e garantir resistência e estabilidade à construção. Casas pertencentes a conjuntos habitacionais com ausência de infra-estrutura, comumente chamados de “favelas”, carecem de tal etapa do projeto arquitetônico, sendo excepcionalmente mais suscetíveis a desabamentos decorrentes de fatores climáticos mais fortes.
Juntando os dois problemas supracitados, ambiental e estrutural, tem-se uma visão das condições encontradas no Morro do Bumba, antes do seu desmonoramento. Contudo, nesse caso, existe um fator agravante: a antiga presença de um lixão na área. Toda matéria sofre processos de decomposição, os quais são responsáveis por torná-la ao estado de elementos químicos separados. E com o lixo depositado ali não poderia ser diferente.
É provável que ao longo do tempo os resíduos descartados no local tenham sido soterrados e, dessa forma, vinham sendo gradativamente decompostos. Tal ação implica, necessariamente, na redução do volume destes, deixando os espaços que antes ocupavam parcialmente vazios. Com o passar do tempo, certas regiões mais internas do terreno perdem sua firmeza e a mesma coisa passa a se mostrar em inúmeros pontos. É possível perceber que tal condição não pode ser mantida por muito tempo sem que haja algum reflexo nas partes mais afastadas de sua ocorrência, ou seja, na camada superficial do solo, chegando ao ponto em que este acaba por colapsar.
Todos estes problemas, somados à intensa e intermitente atividade pluvial que assolou o Rio de Janeiro nos últimos dias, podem ser apontados como responsáveis pelo incidente recente em Niterói. Entretanto, é necessário denotar que o fator social, em questões como essa, sempre precisa ser avaliado e levado em consideração na busca de soluções, uma vez que a população é causa e também vítima direta de tais acontecimentos.
Avaliações recentes demonstraram que existem, pelo menos, mais 130 pontos de risco, onde as áreas estão sujeitas ao mesmo efeito observado no Morro do Bumba. Mas, mesmo em frente a essas estatísticas alarmantes, as pessoas recusam-se a deixar suas casas. No local do acidente, apenas três das doze famílias residentes abandonaram suas habitações por vontade própria. As outras nove, mesmo em condições muito perigosas, optaram por permanecer, embora estejam mantendo estado de alerta e procurem dormir em regiões um pouco mais afastadas das partes atingidas.
São perfeitamente plausíveis os argumentos que defendem maiores investimentos governamentais para com as áreas mais carentes. Porém, é de igual importância ressaltar outro grande entrave para a solução destes problemas: a vontade popular. Estima-se que apenas 15% dos habitantes de favelas queiram deixar suas moradias, sendo que mais da metade delas, de acordo com o Censo 2000, possuem artigos como televisão, geladeira, DVD e celulares. Se tomarmos como análise esse ponto, veremos que, além das dificuldades propriamente inerentes a um processo de restauração e reeducação de toda a comunidade, encontra-se também a falta de apoio por parte desta, dificultando muito o processo.
Logo, embora ações como as realizadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que visam estimular o crescimento econômico do país, sejam, em sua essência, necessárias para o desenvolvimento, há também a grande necessidade de fornecer a conscientização gradual das camadas mais carentes da população. Concomitantemente, é imprescindível a honestidade por parte do governo, bem como o incentivo a estudos que busquem caracterizar e expor possíveis soluções para os problemas sócio-ambientais encontrados em áreas de risco. Afinal, o desmoronamento não foi mais que o resultado de políticas falhas e estímulos que seguiram na contramão das reais necessidades da população, funcionando apenas como paliativos que, infelizmente, mostraram-se como fatores agravantes de um grande processo de apropriação irregular.
Durante dezesseis anos, de 1970 a 1986, o local foi utilizado como lixão, sendo considerado, na época, o segundo maior do município carioca. O lugar, no entanto, ao término do governo Wellington Moreira Franco, já havia atingido sua capacidade máxima, ficando totalmente saturado e forçando, conseqüentemente, sua transferência para outro ponto. Quando finalmente encontrou-se um novo destino final para o lixo, a área foi desativada e sua ocupação vetada. Isso perdurou, porém, apenas por um breve período, pois aos poucos a fiscalização tornou-se ineficiente, e pequenas casas de alvenaria começaram a ser erguidas no local.
Foi nesse período que o então governador Leonel Brizola realizou uma obra de saneamento e levou ao morro o programa “Uma Luz Na Escuridão”, gerando também a construção posterior de uma escola e implantação do programa ‘Médico de Família. Pouco a pouco o lugar foi ganhando novas características, passando a contar com uma quadra poliesportiva e uma creche. Com o incentivo governamental, a população residente no Morro do Bumba cresceu cada vez mais, sem consciência dos riscos aos quais estava exposta. Entretanto, cerca de 20 anos após o início da ocupação, vieram os problemas, mostrando-se muito maiores do que poderiam, outrora, aparentar ser.
Se estudarmos o solo constataremos que suas características podem apresentar-se de diversas formas, dependendo do lugar analisado e os agentes intempéricos atuantes. Todavia, existe um processo que é intrínseco a todos os tipos de solo e pode, em alguns casos, levar a desbarrancamentos e desmonoramentos, sendo denominado “erosão”. Sua ocorrência se dá através do carregamento de partículas constituintes do solo e é natural, podendo, no entanto, ser intensificada de acordo com as condições específicas do lugar.
A retirada da mata é um fator que se encontra numa relação diretamente proporcional à erosão, uma vez que as raízes das árvores são responsáveis por manter o solo firme e evitar seu fácil deslizamento. Deve-se lembrar, ainda, que quanto maior a inclinação do terreno mais forte será sua erosão, já que a diferença de altura proporciona maior mobilidade às partículas no nível mais alto, as quais, por sua vez, serão levadas para baixo pelo vento ou água. Morros possuem, deste modo, alta propensão natural a desenvolver processos erosivos violentos, os quais só podem ser minimizados pela vegetação de porte arbóreo.
Construções mal projetadas e frágeis têm grande probabilidade de apresentar problemas estruturais ao longo do tempo. Pode-se colocar a fundação feita de forma errônea como, provavelmente, a maior causa do surgimento de dificuldades no firmamento de edificações, sendo seus efeitos, além disso, cumulativos, pois possui a função de fornecer a base e garantir resistência e estabilidade à construção. Casas pertencentes a conjuntos habitacionais com ausência de infra-estrutura, comumente chamados de “favelas”, carecem de tal etapa do projeto arquitetônico, sendo excepcionalmente mais suscetíveis a desabamentos decorrentes de fatores climáticos mais fortes.
Juntando os dois problemas supracitados, ambiental e estrutural, tem-se uma visão das condições encontradas no Morro do Bumba, antes do seu desmonoramento. Contudo, nesse caso, existe um fator agravante: a antiga presença de um lixão na área. Toda matéria sofre processos de decomposição, os quais são responsáveis por torná-la ao estado de elementos químicos separados. E com o lixo depositado ali não poderia ser diferente.
É provável que ao longo do tempo os resíduos descartados no local tenham sido soterrados e, dessa forma, vinham sendo gradativamente decompostos. Tal ação implica, necessariamente, na redução do volume destes, deixando os espaços que antes ocupavam parcialmente vazios. Com o passar do tempo, certas regiões mais internas do terreno perdem sua firmeza e a mesma coisa passa a se mostrar em inúmeros pontos. É possível perceber que tal condição não pode ser mantida por muito tempo sem que haja algum reflexo nas partes mais afastadas de sua ocorrência, ou seja, na camada superficial do solo, chegando ao ponto em que este acaba por colapsar.
Todos estes problemas, somados à intensa e intermitente atividade pluvial que assolou o Rio de Janeiro nos últimos dias, podem ser apontados como responsáveis pelo incidente recente em Niterói. Entretanto, é necessário denotar que o fator social, em questões como essa, sempre precisa ser avaliado e levado em consideração na busca de soluções, uma vez que a população é causa e também vítima direta de tais acontecimentos.
Avaliações recentes demonstraram que existem, pelo menos, mais 130 pontos de risco, onde as áreas estão sujeitas ao mesmo efeito observado no Morro do Bumba. Mas, mesmo em frente a essas estatísticas alarmantes, as pessoas recusam-se a deixar suas casas. No local do acidente, apenas três das doze famílias residentes abandonaram suas habitações por vontade própria. As outras nove, mesmo em condições muito perigosas, optaram por permanecer, embora estejam mantendo estado de alerta e procurem dormir em regiões um pouco mais afastadas das partes atingidas.
São perfeitamente plausíveis os argumentos que defendem maiores investimentos governamentais para com as áreas mais carentes. Porém, é de igual importância ressaltar outro grande entrave para a solução destes problemas: a vontade popular. Estima-se que apenas 15% dos habitantes de favelas queiram deixar suas moradias, sendo que mais da metade delas, de acordo com o Censo 2000, possuem artigos como televisão, geladeira, DVD e celulares. Se tomarmos como análise esse ponto, veremos que, além das dificuldades propriamente inerentes a um processo de restauração e reeducação de toda a comunidade, encontra-se também a falta de apoio por parte desta, dificultando muito o processo.
Logo, embora ações como as realizadas pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que visam estimular o crescimento econômico do país, sejam, em sua essência, necessárias para o desenvolvimento, há também a grande necessidade de fornecer a conscientização gradual das camadas mais carentes da população. Concomitantemente, é imprescindível a honestidade por parte do governo, bem como o incentivo a estudos que busquem caracterizar e expor possíveis soluções para os problemas sócio-ambientais encontrados em áreas de risco. Afinal, o desmoronamento não foi mais que o resultado de políticas falhas e estímulos que seguiram na contramão das reais necessidades da população, funcionando apenas como paliativos que, infelizmente, mostraram-se como fatores agravantes de um grande processo de apropriação irregular.
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