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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Sem Pensar, Sem Dizer, Sem Encontrar

Se o tempo parasse para me esperar eu o acharia meu inimigo
Mas se corre a meu lado, sem dizer suas vontades, o vejo como insensato
Sem opção eu também vou, gastando fôlego e força, mas nem esperando saber
Busco aquilo que não me apraz, rejeito o que me faz bem
Espero as coisas que não virão e procuro as que aqui já estão
Um resgate, um momento de loucura, um pensamento perdido e largado às traças
A estrela do dia vindouro brilha num céu iluminado, mas ofuscado por desejos incompletos
E assim sinto-me eu, sem rumo e vontade, sem harmonia que me baste e felicidade que me alimente
Se lhe dissesse que não sei acabaria com duas vidas
Talvez o fizesse por todos meus anos e então destruisse muito mais
Não desisto, embora não ache espaço para sonhar
E se escrevo minhas falas, perco-me em meio aos devaneios
Esqueço as verdades e dou meus valores às mentiras
Saio sem luz, guio nas trevas de florestas densas e perigosas
Não encontro razão, não espero sensatez
Sem pensar, sem dizer, sem aclamar ou gritar
Encerro dentro de mim todos os afazeres, os projetos abandonados
Largo a solidão, troco-a pela exaustão
Ignoro o dia, ignoro as pessoas, ignoro as vozes e os chamados
Repito o que não entendo e enxergo pouco
Sem dizer, sem pensar, sem saber
Pouco se dá por muito, muito se perde por nada
Virtudes como as pessoas possuem não são as minhas
Não há, na verdade, qualidade alguma
Escondo o que não devo, exponho o que poderia guardar
Sem pensar, sem dizer
Perde-se a voz, perdem-se os pensamentos
Morre sem explicação, falece em um eufemismo de esperança eterno
Sem pensar, sem dizer, sem encontrar
Apenas acaba

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