Como a noite tece seu caminho pelo céu, quebrando a memória de um dia acabado
Assim também vão meus pensamentos, que sem aviso partem e me deixam
Nova terra não encontram, porquanto perdem seu rumo e não retornam ao dono
Mas por longe estarem, inatingíveis, inalcançáveis, escrevem novas histórias
E largam seus companheiros para sozinhos existirem
Se eu também o fizesse rezaria para reconhecer quem sou
Buscaria encontrar esse pedaço que nunca esteve aqui, embora faça tanta falta
E como uma mãe rompe o coração de seu filho, deixando-o só a encarar dois mundos estranhos
Meus sonhos viajam para o espaço
E eu fico preso, sem rumo e sem destino, sem hora para acordar e devendo para quem não deveria dever
Mãe minha, somente lhe peço que não se vá, que não faças tão grande viagem
Pois sem teus conselhos, tua voz, sem teu amor e tua esperança torno-me apenas mais uma criatura
Não escrevas teu futuro sem mim, não desapareças para mais tarde retornares
Não sei se aqui estarei ao fim de seu novo rumo, se contigo hei de encontrar-me
Peço te, imploro-te, apenas que não me deixes
Minha teia não pode ser construída sem ti, tampouco se a noite escurece minha visão
Se tens que partir, dê-me tão somente uma luz para guiar-me pelas estradas que encontrarei
Pois tu és tudo que tenho, minha mente, meus olhos, meu ser
E se estou sem ti, falta também minha alma em mim
Chamo-te por tal importância, pois quero fazer-lhe entender
És tu, sois vós, tendes a vida de amanhã e o futuro carregais convosco
Adiante segui-me, levai-me, esperai-me e escutai-me
Fazei um novo dia, criai nova Terra
E com ela trazei uma nova teia, na qual em também me ache
Forçai-me a descobrir quem sou, abri-me os olhos antes que eu perca e desista de procurar
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