O amor é o tipo de coisa que seria cômica se não fosse trágica. É realmente desanimador ver a forma como o ser humano tenta até hoje lidar com esse sentimento e acompanhar as falhas sucessivas que vêm acontecendo por conta da nossa incapacidade de administrar tal coisa. Aí ouvimos pessoas dizerem que odeiam o amor, que não querem mais amar e que rejeitarão toda e qualquer expressão de afeto que lhes vier. O que não percebem é que não amar é o mesmo que não viver, uma vez que nossa existência se baseia apenas nisso e não há outro sentido para permanecermos aqui.
É fácil observar os problemas que nosso mundo atual se encontra e é uma lástima ver que a solução parece simplesmente não estar ao alcance, não importa o quanto nos esforcemos. Mas a realidade é que não aprendemos a amar e jamais aprenderemos se continuarmos a seguir o sistema que criamos para gerenciar nosso convívio em sociedade. Tudo aqui se baseia em regras e elas regem cada mínimo passo que damos. Saber que essas determinações que devem ser seguidas se encontram até nos relacionamentos é algo extremamente triste e frustrante. O amor não existe senão para oferecer liberdade àqueles que o tornam seu estilo de vida, e ele sempre propiciará aos que se propuserem a segui-lo um caminho prazeroso e livre de tantas decepções e o vazio interior que atualmente encaramos.
A grande dificuldade da humanidade é compreender esse sentimento tão sublime que achamos conhecer tão profundamente. Temos a tendência a relacioná-lo com servidão, ciúme, ter uma pessoa apenas para você e fazer dela a sua vida, mas ignoramos constantemente o fato de que, no fim das contas, o amor não se trata absolutamente de nada disso. Amor é liberdade acima de tudo e a grande maioria das pessoas não sabe lidar com isso. Presenciei um caso recente onde uma das pessoas de um relacionamento declarou claramente, embora não com essas palavras, que amar para ela é prender alguém e que necessitava de provas para saber que também era querida. Ora, não se exigem provas de amor. Se alguém te prova que te ama, o faz porque realmente sente vontade e tira tudo que lhe entrega sentimentalmente do fundo do coração. Se a pessoa se vê obrigada a fazer determinada coisa, logo aquilo se torna artificial, deixando de ser natural e, por conseqüência, perdendo todo sinal de amor que poderia estar contido no ato.
É nessa confusão de pensamentos e quereres, onde nossas necessidades imaginárias se colocam muito acima de nossos sentimentos que perdemos grande parte daquilo que poderíamos viver e aproveitar todos os dias de nossa vida. As pessoas devem aprender que amar não é possuir alguém, mas sim ter essa pessoa guardada no interior. Por esse motivo o amor verdadeiro não acaba, independente da circunstância. Muitos também se esquecem que não falo apenas de amor no sentido de relacionamentos amorosos. Falo de toda e qualquer forma de expressão do amor, seja entre irmãos, parentes, pais e filhos, amigos ou qualquer outro tipo de relacionamento. Enquanto não aprendermos a amar verdadeiramente seremos incapazes de viver o que de mais belo a vida pode nos oferecer: a comunhão.
Não adianta criar regras e mais regras, porque isso só demonstra que não confiamos realmente naqueles que dizemos amar. Isso porque se confiássemos não necessitaríamos ditar o que deve e o que não deve ser feito em um relacionamento, uma vez que esse, por si só e baseado no amor mútuo, traria a felicidade para os dois lados e se manifestaria nas ações que visassem o bem estar de todas as pessoas envolvidas.
Desconfiança só gera medo e isso não leva ninguém a canto algum. Relacionamentos baseados em regras intermináveis e permeados com o famoso "não pode" estão fadados a acabar. Apenas quando entendermos o verdadeiro significado do amor e a liberdade que ele pode nos proporcionar, quando abrirmos mão do medo de perder as pessoas que dizemos amar e quando esquecermos tudo que nos ensinaram sobre como devemos amar é que entenderemos o que é viver no e pelo amor.
Até lá só resta continuar tentando entender o porquê das coisas e jogar a culpa no sentimento toda vez que nós fracassarmos em nosso caminho há muito desviado do propósito real de nossa existência.
nossa, achei demais o texto, ultra reflexivo (Y)
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