Para ela era apenas mais um dia de pressa e desespero, onde deveria correr o quanto pudesse para fazer tudo a tempo. Para ele nada mais que uma segunda-feira usual, com pessoas apressadas por todos os lados e uma garoa não tão comum, porém fraca o suficiente para se tornar suportável. Caminhavam como se o resto do mundo não existisse, mostrando claramente não notarem a presença um do outro. Bom, pelo menos assim foi até o momento em que ela, em sua correria e afobação, tropeçou e foi direto para o chão, estatelando-se com um baque que insinuava ter doído. Se não fosse por aquilo, provavelmente os dois chegariam ao ponto de ônibus sem jamais trocar sequer um olhar, mas aquela situação mudara tudo.
Ele, demonstrando profundo cavalheirismo, correu na direção dela e estendeu sua mão para que pudesse levantar, conferindo cada mínimo centímetro do seu corpo para ver se algo não havia se quebrado ou simplesmente desaparecido. Ela, por sua vez, não pôde deixar de reparar: quão verdes e profundos eram os olhos daquele homem e seus cabelos tão negros que pareciam até terem sido pintados com uma tinta jamais vista ou descoberta por qualquer outro humano. Dois detalhes que conferiam um chamativo contraste com sua pele de tom claríssimo. “Nossa!”. Ela simplesmente perdera-se em tão abundante beleza – pelo menos a seu ver – e não notara que o homem falava com ela.
- Moça, está tudo bem?
- S-s-sim! Está sim! – respondeu abruptamente, como se acordasse de um transe aparentemente inescapável.
- Que bom, porque foi um belo de um tombo! Pensei que pudesse ter sofrido algum machucado ou mesmo torcido o tornozelo, algo do tipo.
- Não, e-está tudo bem, sim. Obrigada!
Mesmo que não estivesse ela não poderia notar; estava tão absorta em seus pensamentos e no choque que acabara de receber que já não pensava com clareza, sentindo como se seu cérebro tivesse parado de mandar os alertas referentes à dor. Podia ter até mesmo sofrido uma fratura exposta e nem sentir, pois sua mente já não se fazia mais presente naquele corpo.
- Por acaso estava indo para aquele ponto? – falou ele, apontando em direção a um ônibus que estava a pouco mais de seis metros à frente.
- Sim, estava. - falou ela, quase soletrando, ainda meio desnorteada, como se procurasse as palavras certas em um vasto dicionário de uma língua desconhecida.
- Pois então acho que podemos ir juntos! Estou indo para um compromisso e preciso pegar exatamente esse ônibus.
Ao ouvir essas palavras a alma dela se encheu do mais puro ânimo. Era como se seu dia tivesse sido refeito e nenhum de seus problemas importasse mais. Pensou imediatamente nos inúmeros filmes de romance com nomes melosos e enredos – para ela – emocionantes. Sentia uma emoção dentro de seu peito que parecia não poder ser controlada e imaginou que com ele também acontecia o mesmo (o que talvez fosse efeito do sorriso enorme que o rapaz prontamente lhe dera há alguns poucos segundos). A magia do mundo havia voltado! Sua vida não seria mais a mesma, pensava consigo.
Os dois embarcaram e sentaram ao lado um do outro. Conversaram durante a viagem inteira como se fossem velhos amigos que não se viam há anos e precisavam ininterruptamente colocar o papo em dia. Descobriram que gostavam das mesmas bandas – o que só aconteceu quando ela notou um som familiar vindo dos fones de ouvido dele, que pareceriam ter sido esquecidos ligados propositalmente, não fosse por conta da confusão. Falaram sobre tudo que se é possível falar em uma viagem de trinta minutos. Ela, em seus pensamentos, não sabia descrever o que sentia, mas entendia que era bom e que queria que ele ficasse ali para sempre. Mas, como se o tempo corresse contra eles, o ônibus se aproximou do local onde se separariam.
- Desço no próximo – falou ele levantando-se rapidamente e aparentando estar triste por ter que pôr fim à diversão.
- Tudo bem então! Obrigada por ter me ajudado! - respondeu a mulher, abrindo um grande sorriso que mostrava exatamente o que sentia: pura alegria.
Como se fosse sua obrigação fazê-lo, o homem devolveu o sorriso, colocando-se agora frente à porta do ônibus e aprontando-se para desembarcar. Arrumava seus fones de ouvido e parecia procurar alguma música que quisesse, embora não demonstrasse muita certeza de sua vontade no momento. Ela não fazia nada além de observá-lo, lembrando-se que talvez jamais o visse novamente e que precisava registrar aqueles momentos. Ainda assim, sentia dentro de si que amanhã mesmo se trombariam e travariam mais uma longa batalha, competindo para ver quem conseguiria falar mais. Finalmente o veículo parou, as portas se abriram e ele desceu sem olhar pra trás, deixando apenas um resquício de seu perfume no ar.
Durante todo aquele dia a mulher não fez mais que pensar nele. Foi extremamente difícil concentrar-se em suas atividades, uma vez que os únicos pensamentos recorrentes em sua mente continham imagens de um casal passeando por parques, indo ao cinema e esbanjando todo o amor que tinham para dar. Não era de se espantar que não tirasse o sorriso do rosto nem sequer por um momento, mostrando um ar claramente apaixonado. Ao fim do expediente, o que se deu dez horas após o incidente, a memória daquele rapaz ainda não deixara sua mente; pelo contrário, tornara-se mais forte e carregada de sentimentos e expectativas. Sem dúvida alguma o veria novamente e aí teria chance de pegar alguma informação que lhes pudesse fornecer um contato permanente, pensava ela.
Saindo do prédio onde trabalhava dirigiu-se para o metrô, que, naquela noite, seria seu meio de transporte. Era inegável que preferia o ônibus, uma vez que este a deixava muito mais perto de sua casa, mas olhar para aquela fila quilométrica esperando para embarcar num veículo que parecia não poder conter metade daquelas pessoas com certeza a desanimou completamente. Descendo as escadas e alcançando a bilheteria, comprou sua passagem. Seguiu em direção à plataforma. Não demorou muito para que o trem chegasse.
As portas se abriram, aqueles que precisavam desembarcar o fizeram e ela entrou no vagão, sentando-se ao lado de uma das janelas. Podia notar que estava excepcionalmente vazio, não fosse por um senhor roncando alto alguns bancos à frente e um casal em pé, encostado em uma das portas. Era incrível como o amor lhe parecia belo naquele momento e como lhe fazia bem ver aquelas duas pessoas se beijando, trocando todo o afeto que lhes era possível. Tão incrível quanto isso foi perceber que o homem, embora estivesse de costas, se parecia muito com aquele que estivera em seus pensamentos durante todo o dia. Como ela queria ser aquela mulher,pensava, tendo a sorte de estar nos braços daquele rapaz que nem o nome sabia ainda. Mas, para seu espanto, talvez a mulher tivesse realizado o desejo ao pé da letra. Era ele - constatou ela após reparar nos cabelos extremamente negros - o mesmo cara que há algumas horas a ajudara a levantar e se mostrara tão prestativo.
O choque foi tão forte quanto o tombo que naquele mesmo dia experimentara. Não conseguia mais achar os pensamentos dentro de sua mente. Ela o amava, por menos de vinte e quatro horas, mas o amava. Aquilo definitivamente não poderia estar acontecendo, pensava consigo. Sua única reação foi encarar o casal como se seu olhar fosse atraído por uma espécie de magnetismo extremamente forte. E, para seu crescente desgosto, percebeu repentinamente que o homem também a olhava. Os dois já não se beijavam mais e ele só conseguia retribuir o olhar, mas não da mesma forma que o recebia. Os sorrisos haviam morrido nos rostos de ambos. Ela sentia-se traída; ele, um grande enganador. Levantando-se rapidamente, ela foi em direção à porta, tentando evitar as lágrimas que insistentemente pareciam querer pular de seus olhos. Todas as imagens que o dia inteiro cultivara despedaçavam-se ali e não havia nada que pudesse fazer para evitá-lo. Assim que o trem estacionou na estação, ela andou o mais rápido que pôde, sem olhar para trás, numa tentativa frustrada de barrar o sentimento que agora crescia em seu peito; um misto de aperto e desilusão. Novamente distraiu-se e o resultado não foi muito diferente daquele anterior: tropeçou e foi, mais uma vez, parar no chão.
Uma voz surgiu por detrás dela, com um tom grosso, porém extremamente sereno e claramente prestativo.
- Moça, está tudo bem?
Ela, sem ao menos virar-se para ver quem falava, levantou-se e pôs-se em posição novamente.
- Sim, obrigada. Estou bem.
Não queria ajuda, não precisava de ajuda. E, como se todo aquele dia jamais tivesse acontecido, voltou a andar, pensando apenas no jantar que provavelmente a esperava quando chegasse em sua casa.
Pensamentos, surtos, loucuras, paixões, insights, vontades, discussões, reflexões, filosofias, inutilidades, egocentrismo, fé, esperança e uma pitada de baboseiras. Tudo isso por mim, para mim e também para qualquer outro com quem eu tenha de coabitar nesse corpo.
AVISO
Este blog encontra-se atualmente desativado. O mesmo autor escreve textos agora para o Capita a tutti. Se estiver interessado (a) siga-o nesse endereço.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
sábado, 5 de dezembro de 2009
A Inconsistência do Universo
Se me perguntam sobre minha personalidade, logo digo: não sou extrovertido, tampouco sociável. Ainda assim não posso afirmar que não gosto de pessoas; pra falar a verdade, não sei o que seria de mim sem elas. Mas se a muitos parecer estranha a idéia de que não faço acepção, então falo que tenho um tipo preferido, que inclui aqueles que têm cérebro e coração, e usam ambos. Talvez assim elimine uma parte deles, ou, se pensarmos num contexto biológico, todos continuem inclusos.
Amores para mim não são amores, são paixões. Paixões que arrebatam meu ser e transformam meu universo por completo, mesmo que não o façam eternamente. Vivo por aquilo que me apaixono, e, no fim, não vivo para nada. Se mudo constantemente talvez seja porque não tenho afinidade com a mesmice, ou apenas não saiba permanecer o mesmo. Não digo muito o que penso, pois isso me daria um enorme trabalho, afinal, ainda teria de explicar ao mundo a minha visão sobre tudo para só depois oferecer-lhe minha opinião.
Não minto para as pessoas, mas muitas vezes penso mentir para mim. Ou talvez nem o faça; fazê-lo-ia se soubesse o que era a mentira, só que isso, meus queridos amigos, não me ensinaram. Às vezes me dizem que sou bom demais, mas aí acho que mentem para mim. Ora, mais que audácia, diria eu! Mentir para quem não lhe mente deveria ser crime inafiançável. Talvez assim as pessoas pensassem mais umas nas outras antes de falar bobagens. Mas omitir a verdade não me parece errado, pois nem toda palavra parece ter sido pensada para ser usada.
Já tentaram por milhares de vezes colocar centenas de idéias em minha cabeça que me fizessem criar algumas dezenas de sonhos. Mas que perda de tempo, digo eu! Não sabem que minha mente só a mim pertence e que nela, sem minha permissão, nada pode entrar? Talvez não entendam que sou diferente e não quero o mesmo que eles. Mas se assim não o for, pergunto-me qual a razão de quererem convencer-me de algo que não sou. Penso que possa ser simples instinto, afinal, todos parecem querer mudar a todos e isso não muda muito ao longo da história. É, coisa de humanos...vai entender!
Todavia, por fim, se me questionam sobre um grande desejo digo apenas um: línguas. Ora, se não fossem as muitas línguas de nosso universo perguntar-me-ia sobre a graça dessa vida que vivo. Se não falo, não significa que não escreva. Acho que meus dedos ganharam mais habilidade de se expressar que minha boca e isso foi algo que não pude evitar. Estranho é pensar que com os outros acontece o inverso, mas, ainda assim, não com todos. Não com todos, pois todos significaria que a Maria, o José e até mesmo a Fabiana não escrevem bem. Se não os conheço, nada posso afirmar. Apenas sei o que meu mundo limitado me afirma. E me afirma para depois desafirmar, mente para depois desmentir.
É, meu caro, talvez fosse bom que se decidisse para que eu também o pudesse. Mas se não o faz, permaneço dessa forma. E se assim se sucede, não me torno extrovertido ou sociável, continuo a gostar de todos e me apaixonar por tudo. E o pior: não aprendo a mentir! Acho que, no fim das contas, o grande problema é do meu mundo. Esse que insiste em não saber o que quer e escrever para fugir da realidade de se afirmar perante a si mesmo. Mas palavras são só isso: palavras. Se as uso hoje, as desuso amanhã. E assim vou eu, girando junto com meu mundo que, por hora, me parece o Universo. Universo esse que nada tem de decidido.
E se disseram que era impossível mudar as palavras lançadas, acho que mentiram. Meu Universo é perfeitamente capaz de fazê-lo. Aliás, acho que mudarei essa fala, pois mentir é coisa feia. Tentarei omitir a verdade. Talvez assim descubra quem realmente sou e qual é o grande problema com a inconsistência do meu Universo. Ou quiçá até entenda que, na verdade, meu Universo tem uma coisa estável: o fato de que será, por todos os dias de minha vida, totalmente instável.
Amores para mim não são amores, são paixões. Paixões que arrebatam meu ser e transformam meu universo por completo, mesmo que não o façam eternamente. Vivo por aquilo que me apaixono, e, no fim, não vivo para nada. Se mudo constantemente talvez seja porque não tenho afinidade com a mesmice, ou apenas não saiba permanecer o mesmo. Não digo muito o que penso, pois isso me daria um enorme trabalho, afinal, ainda teria de explicar ao mundo a minha visão sobre tudo para só depois oferecer-lhe minha opinião.
Não minto para as pessoas, mas muitas vezes penso mentir para mim. Ou talvez nem o faça; fazê-lo-ia se soubesse o que era a mentira, só que isso, meus queridos amigos, não me ensinaram. Às vezes me dizem que sou bom demais, mas aí acho que mentem para mim. Ora, mais que audácia, diria eu! Mentir para quem não lhe mente deveria ser crime inafiançável. Talvez assim as pessoas pensassem mais umas nas outras antes de falar bobagens. Mas omitir a verdade não me parece errado, pois nem toda palavra parece ter sido pensada para ser usada.
Já tentaram por milhares de vezes colocar centenas de idéias em minha cabeça que me fizessem criar algumas dezenas de sonhos. Mas que perda de tempo, digo eu! Não sabem que minha mente só a mim pertence e que nela, sem minha permissão, nada pode entrar? Talvez não entendam que sou diferente e não quero o mesmo que eles. Mas se assim não o for, pergunto-me qual a razão de quererem convencer-me de algo que não sou. Penso que possa ser simples instinto, afinal, todos parecem querer mudar a todos e isso não muda muito ao longo da história. É, coisa de humanos...vai entender!
Todavia, por fim, se me questionam sobre um grande desejo digo apenas um: línguas. Ora, se não fossem as muitas línguas de nosso universo perguntar-me-ia sobre a graça dessa vida que vivo. Se não falo, não significa que não escreva. Acho que meus dedos ganharam mais habilidade de se expressar que minha boca e isso foi algo que não pude evitar. Estranho é pensar que com os outros acontece o inverso, mas, ainda assim, não com todos. Não com todos, pois todos significaria que a Maria, o José e até mesmo a Fabiana não escrevem bem. Se não os conheço, nada posso afirmar. Apenas sei o que meu mundo limitado me afirma. E me afirma para depois desafirmar, mente para depois desmentir.
É, meu caro, talvez fosse bom que se decidisse para que eu também o pudesse. Mas se não o faz, permaneço dessa forma. E se assim se sucede, não me torno extrovertido ou sociável, continuo a gostar de todos e me apaixonar por tudo. E o pior: não aprendo a mentir! Acho que, no fim das contas, o grande problema é do meu mundo. Esse que insiste em não saber o que quer e escrever para fugir da realidade de se afirmar perante a si mesmo. Mas palavras são só isso: palavras. Se as uso hoje, as desuso amanhã. E assim vou eu, girando junto com meu mundo que, por hora, me parece o Universo. Universo esse que nada tem de decidido.
E se disseram que era impossível mudar as palavras lançadas, acho que mentiram. Meu Universo é perfeitamente capaz de fazê-lo. Aliás, acho que mudarei essa fala, pois mentir é coisa feia. Tentarei omitir a verdade. Talvez assim descubra quem realmente sou e qual é o grande problema com a inconsistência do meu Universo. Ou quiçá até entenda que, na verdade, meu Universo tem uma coisa estável: o fato de que será, por todos os dias de minha vida, totalmente instável.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Uma Peça Inesquecível
Talvez muitos poetas errem ao dizer que o amor é o sentimento mais intenso. Arrisco-me a afirmar que muitas de suas poesias podem ser descartadas sem o menor temor, pois todos andavam na mesma estrada errada e sem destino. Pelo menos para mim, deveriam ter escrito sobre a saudade; essa mesma que agora me atinge, comprimindo meu peito como se não tivesse piedade.
Risos, choro e muitas lembranças se agarram desesperadamente à minha mente e não demonstram querer ir embora tão cedo. Tudo o que fiz e mesmo o que deixei de fazer parecem ter acontecido num mundo tão distante, tão isolado da minha atual realidade, que fica até difícil saber se minha memória não mente para mim, pregando uma peça que parece ter sido mais longa que o esperado. Apenas sei que se ela o fez, foi muito astuta, pois acreditei em suas mentiras durante três anos. E quão boas mentiras foram essas! Quão maravilhosos momentos tive a oportunidade de desfrutar! Não sei se devo agradecê-la ou não, mas prefiro pensar que algo assim foi feito para o meu bem. Posso ter vivido nesse mundo distante e só agora ter retornado para cá. São tantas possibilidades...
A única coisa certa para mim é que agora me afasto desse lugar onde habitei, deixando lá uma parte de mim e todo o amor que eu, como um simples adolescente, pude ter. Não o faço por vontade, mas sim porque a isso fui obrigado. Guardo agora as lembranças de um universo que existirá somente em minha mente nos anos que ainda hão de se suceder. Pra sempre transformado, jamais o mesmo. Obrigado pela grande mentira, mente, minha querida. Como você mesma diz, "toda brincadeira tem começo, meio e fim" e, pelo visto, a sua não fugiu à regra. Agradeço também a todos vocês que desse espetacular teatro fizeram parte. Lembrar-me-ei de vós até que não reste mais fôlego de vida em meu corpo.
Risos, choro e muitas lembranças se agarram desesperadamente à minha mente e não demonstram querer ir embora tão cedo. Tudo o que fiz e mesmo o que deixei de fazer parecem ter acontecido num mundo tão distante, tão isolado da minha atual realidade, que fica até difícil saber se minha memória não mente para mim, pregando uma peça que parece ter sido mais longa que o esperado. Apenas sei que se ela o fez, foi muito astuta, pois acreditei em suas mentiras durante três anos. E quão boas mentiras foram essas! Quão maravilhosos momentos tive a oportunidade de desfrutar! Não sei se devo agradecê-la ou não, mas prefiro pensar que algo assim foi feito para o meu bem. Posso ter vivido nesse mundo distante e só agora ter retornado para cá. São tantas possibilidades...
A única coisa certa para mim é que agora me afasto desse lugar onde habitei, deixando lá uma parte de mim e todo o amor que eu, como um simples adolescente, pude ter. Não o faço por vontade, mas sim porque a isso fui obrigado. Guardo agora as lembranças de um universo que existirá somente em minha mente nos anos que ainda hão de se suceder. Pra sempre transformado, jamais o mesmo. Obrigado pela grande mentira, mente, minha querida. Como você mesma diz, "toda brincadeira tem começo, meio e fim" e, pelo visto, a sua não fugiu à regra. Agradeço também a todos vocês que desse espetacular teatro fizeram parte. Lembrar-me-ei de vós até que não reste mais fôlego de vida em meu corpo.
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Meu Grande Amigo
É, três anos se passaram desde que estamos juntos. Lembro-me perfeitamente dos primeiros dias de nosso relacionamento, logo quando te vi e pensei "nossa, que estranho". Acho que não sabia o quão bom você poderia ser para mim. Os dias se foram e a cada momento sua presença continuava lá, independentemente do que acontecesse. É inegável que talvez sempre nos encontrarmos num lugar como o Brás não foi uma de nossas melhores escolhas, mas penso que por isso devo culpar somente a mim.
Você, com seu jeito único e vívido me conquistou, entrando no meu coração sem nem ao menos pedir licença. Não sei se isso pode ser considerado rude de sua parte, mas a verdade é que essa aproximação me proporcionou grandes momentos. Contigo, durante três anos, ri e vivi tudo aquilo que essa fase de minha vida pudesse permitir. Não fui falso em nosso relacionamento, embora nem sempre tenha lhe retribuído todo o seu amor na mesma quantidade. Mas acho que isso é uma particularidade sua; se doar sem olhar a quem, dar-se por inteiro e nada pedir em troca. É, acho que você é alguém realmente diferente.
Não posso esquecer de seu estilo extravagante e a mudança pela qual passastes nesses últimos anos, mais precisamente do ano passado para cá. Sei que após minha partida você já não será mais o mesmo, embora não possa me dar qualquer sombra de mérito por tal fato. O mais importante é que aqui estamos e nosso relacionamento sobreviveu a tudo, sendo que, mesmo neste momento de despedida, ainda ficará guardado dentro de mim. Se para muitos fostes apenas uma escola, para mim te tornastes muito mais. Um amigo talvez fosse a melhor descrição para ti, Carlos de Campos.
Alguém com qualidades e defeitos, assim como todos nós. De ti levo uma parte e de mim, para tua recordação, deixo minha memória. Meus dias não serão mais iguais agora que vou para longe, mas não me arrependo pelo tanto que te amei. Aliás, não devo dizer que te amei, pois a indicação do passado talvez insinue que isso já não continua, o que, sem dúvida, é uma grande mentira. Te amei muito ontem e hoje o faço com maior intensidade, mas ainda menos que amanhã. Sinto contigo a eterna reconquista, que jamais se finda, mas permanece nos corações de quem a torna melhor a cada dia.
Seus risos, seu choro, sua revolta e tudo que diz respeito a você ficarão gravados pelo resto dos meus dias nessa Terra. As lições que com amor me ensinastes serão para mim de grande valor. Apenas posso agradecer pela tua grande amizade e pedir perdão pelas falhas que contigo possa ter cometido. Obrigado por tudo, obrigado por ser tudo que durante esses três anos foi para mim, obrigado, acima de tudo, por existir. Peço que jamais abandone aqueles que hoje te amam, pois sei o quanto me doeria se o tivesse feito comigo. Te amo com todas as forças e com tudo que posso, assim como o fiz todos os dias que contigo passei. Me apaixonei por ti e este sentimento arderá sempre em meu peito, guardando tudo que passamos juntos. Hoje agradeço a Deus por tudo que Ele me deu ao seu lado, meu querido Carlos de Campos. Sem dúvida te tornastes meu amigo, meu grande e insubstituível amigo.
Você, com seu jeito único e vívido me conquistou, entrando no meu coração sem nem ao menos pedir licença. Não sei se isso pode ser considerado rude de sua parte, mas a verdade é que essa aproximação me proporcionou grandes momentos. Contigo, durante três anos, ri e vivi tudo aquilo que essa fase de minha vida pudesse permitir. Não fui falso em nosso relacionamento, embora nem sempre tenha lhe retribuído todo o seu amor na mesma quantidade. Mas acho que isso é uma particularidade sua; se doar sem olhar a quem, dar-se por inteiro e nada pedir em troca. É, acho que você é alguém realmente diferente.
Não posso esquecer de seu estilo extravagante e a mudança pela qual passastes nesses últimos anos, mais precisamente do ano passado para cá. Sei que após minha partida você já não será mais o mesmo, embora não possa me dar qualquer sombra de mérito por tal fato. O mais importante é que aqui estamos e nosso relacionamento sobreviveu a tudo, sendo que, mesmo neste momento de despedida, ainda ficará guardado dentro de mim. Se para muitos fostes apenas uma escola, para mim te tornastes muito mais. Um amigo talvez fosse a melhor descrição para ti, Carlos de Campos.
Alguém com qualidades e defeitos, assim como todos nós. De ti levo uma parte e de mim, para tua recordação, deixo minha memória. Meus dias não serão mais iguais agora que vou para longe, mas não me arrependo pelo tanto que te amei. Aliás, não devo dizer que te amei, pois a indicação do passado talvez insinue que isso já não continua, o que, sem dúvida, é uma grande mentira. Te amei muito ontem e hoje o faço com maior intensidade, mas ainda menos que amanhã. Sinto contigo a eterna reconquista, que jamais se finda, mas permanece nos corações de quem a torna melhor a cada dia.
Seus risos, seu choro, sua revolta e tudo que diz respeito a você ficarão gravados pelo resto dos meus dias nessa Terra. As lições que com amor me ensinastes serão para mim de grande valor. Apenas posso agradecer pela tua grande amizade e pedir perdão pelas falhas que contigo possa ter cometido. Obrigado por tudo, obrigado por ser tudo que durante esses três anos foi para mim, obrigado, acima de tudo, por existir. Peço que jamais abandone aqueles que hoje te amam, pois sei o quanto me doeria se o tivesse feito comigo. Te amo com todas as forças e com tudo que posso, assim como o fiz todos os dias que contigo passei. Me apaixonei por ti e este sentimento arderá sempre em meu peito, guardando tudo que passamos juntos. Hoje agradeço a Deus por tudo que Ele me deu ao seu lado, meu querido Carlos de Campos. Sem dúvida te tornastes meu amigo, meu grande e insubstituível amigo.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Novos Caminhos
É, às vezes parecermos não nos dar conta de quantas etapas é recheada nossa vida. Olhamos sempre pro presente e pro panorama que os fatos, talvez gentilmente, nos presenteiam. As coisas passam, tudo que chega se vai e nós ficamos, por mais que pensemos estar andando. Não sei bem ao certo quando me dei conta, mas penso que repentinamente, assim como um raio atinge o chão, percebi que aqui estou eu, depois de três anos de realizações, decepções e experiências diferentes. Como se me perguntasse qual é o próximo passo, permaneço parado. E talvez não esteja tão sozinho quanto ouso imaginar que estou. Acho que, num lugar perdido bem no meio do Brás, mais 119 pessoas se sentem igual ou de forma semelhante a mim. É, três longos anos que passaram tão rápido quanto o dia de amanhã há de passar.
No fundo do meu peito nasce agora uma vontade de gritar, provavelmente por sentir-me incapaz diante de tal situação. Juntamente com essa sensação sobe-me um nó pela garganta, alojando-se e impedindo-me de respirar calmamente como gostaria. Talvez tais palavras soem de modo catastrófico ou pareçam até um exagero para aqueles que as leêm, mas é inegável que as emoções do momento são tão fortes quanto tudo isso. Lembro-me dos dias em que despertei e desejei não ter que enfrentar o Brás novamente, passar pelas dezenas de vendedores ambulantes e ter que desviar de tantos carros que pareciam estar ali apenas para barrar o caminho. Muitas vezes sentia até que armavam um complô contra mim, onde bolivianos, compradores desesperados e motoristas irritados pareciam, de todas as formas, tentar evitar que eu chegasse a tempo para a primeira aula (ou mesmo que sobrevivesse a mais um dia). É, talvez realmente tivessem essa intenção...
Não posso deixar de recordar o espanto que senti ao chegar na tão falada Carlos de Campos. Quiça minhas fantasias com o lugar tenham me iludido, mas ela parecia realmente menor que aquela que freqüentemente se mostrava em minha imaginação. Sua cantina e quadra também eram duas coisas peculiares; desenhos diferentes e muito chamativos haviam sido pintados ali. A primeira impressão do local realmente mudou tudo aquilo que por meses imaginara ser o famoso KK, mas dizer que isso causou qualquer decepção seria certamente contar uma grande mentira.
As semanas se passaram, o ano letivo começou e os primeiros dias também se mostraram interessantes. Pessoas de todos os estilos, gostos e com características e personalidades marcantes andavam pelos corredores esbajando alegria e demonstrando uma amabilidade que eu nunca tivera a oportunidade de apreciar. Talvez fosse o "Dia do Pijama" ou mesmo as brincadeiras intermináveis que foram feitas com os bichos (posso dizer que sei muito bem o que foi isso), mas a escola mostrou um espírito de liberdade que provavelmente nenhum daqueles 120 alunos jamais experimentara. Um mundo novo se abria diante de todos nós e é provável que não tenhamos lidado com essa situação da melhor forma possível.
Seja por conta disso ou até por motivos que não convém serem explicados agora, que no ano seguinte passamos a ser mais reprimidos. Posso até ouvir quase que claramente as reclamações infindáveis, dizendo que havíamos perdido a liberdade e que aquela não era a escola que conhecíamos. É, talvez estivéssemos verdadeiramente certos. Ou talvez apenas fôssemos infantis demais para aceitar as mudanças. As festas diminuíram, os problemas com os primeiros anos começaram e alguns profissionais já não se sentiam mais tão felizes com as coisas que aconteciam. Ainda assim, levamos os meses para frente e passamos por outro ano, sem nem imaginar que agora nos encaminhávamos para a reta final.
Mais um ano teve início e nós achamos que este realmente seria diferente. Embora algumas surpresas possam ter surgido vimos que muitas pessoas já haviam mudado muito. É inegável que não entendíamos ainda nosso papel naquele lugar, talvez porque ainda nem entendêssemos nosso papel no mundo. Um ano de mudanças, brigas, sorrisos e, principalmente, de crescimento. As crianças, ou pré-adolescentes, que há três anos haviam feito uma prova para ingressar numa escola técnica já não eram mais tão pequenas. Os rostos já tomavam formas mais adultas, as atitudes haviam passado por um processo de transformação e, sem dúvida, muitos conceitos haviam sido revistos. Um mês, apenas isso. Era o que faltava para que não mais pisássemos naquele chão como alunos, mas sim como pessoas que ali deixaram marcas, pessoas que já não veriam mais o piso quadriculado e as janelas antigas daquela construção.
E cá estamos nós, a pouco mais de dois dias para o término das aulas. Não mais uma simples quarta ou quinta-feira, mas sim dois dias eternos para aqueles que agora estão de partida. Olhamos para trás e nos lembramos de tudo que passamos, das amizades que fizemos, das pessoas que conhecemos. É, talvez não ouvir mais “Oh, meu jovem” vá realmente fazer alguma diferença. Pode até ser que não poder mais inventar os piores xingamentos para extravasar nossa raiva pelos trabalhos do Thiago faça alguma falta. É possível ainda que sintamos alguma tristeza por não poder mais ir até a cantina e ver a cara da Su ou então deixar que o Marcelo esbanje toda sua simpatia. É, provavelmente jamais encontraremos um lugar como este novamente.
Por isso dele me despeço, não como se o meu mundo nele ficasse, mas como se para minha vida eu o levasse. Aproveitei cada dia da forma que deveria, pois o fiz com amor e com toda a sinceridade que havia dentro de mim. Fui o que era e me tornei o que agora sou, graças a cada pessoa que hoje está ao meu lado. Muitas delas jamais verei novamente, mas isso não significa que as ame menos. Apenas quer dizer que, assim como essa escola, devo deixá-las partir fisicamente e seguirem seus rumos. Tudo tem começo, meio e fim, mas este último não é necessariamente a catástrofe. Hoje parto com a certeza de que dei tudo de mim, fui tudo que pude ser e estive com quem devia estar. Peço perdão se me faltam palavras para dizer àqueles que amo o quão importantes são para mim, mas acho que não há dicionário nesse vasto mundo que consiga expressar o que sinto agora. Até acho que o “acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”, mas discordo com a idéia de que deveria ter amado mais. Amei o quanto pude, o quanto me foi permitido.
Carlos de Campos, hoje você leva um pedaço de mim e deixa também uma parte de ti dentro de mim. Jamais poderei esquecer o que esses três anos significaram para mim e o quanto eu cresci ao seu lado. Para mim não és apenas uma escola, mas sim um amigo que esteve comigo durante todo esse tempo. Por isso só tenho a agradecer-te pelo bem que me fizestes, pois sei que eternamente hás de comigo estar. “KK, ÊOO”, esse é o meu lema e o meu maior sentimento. Para ti deixo aquilo que fui e o que me tornei, comigo levo aquilo que fostes e o que agora és. Novos caminhos serão traçados, mas a linha que construímos jamais será apagada.
No fundo do meu peito nasce agora uma vontade de gritar, provavelmente por sentir-me incapaz diante de tal situação. Juntamente com essa sensação sobe-me um nó pela garganta, alojando-se e impedindo-me de respirar calmamente como gostaria. Talvez tais palavras soem de modo catastrófico ou pareçam até um exagero para aqueles que as leêm, mas é inegável que as emoções do momento são tão fortes quanto tudo isso. Lembro-me dos dias em que despertei e desejei não ter que enfrentar o Brás novamente, passar pelas dezenas de vendedores ambulantes e ter que desviar de tantos carros que pareciam estar ali apenas para barrar o caminho. Muitas vezes sentia até que armavam um complô contra mim, onde bolivianos, compradores desesperados e motoristas irritados pareciam, de todas as formas, tentar evitar que eu chegasse a tempo para a primeira aula (ou mesmo que sobrevivesse a mais um dia). É, talvez realmente tivessem essa intenção...
Não posso deixar de recordar o espanto que senti ao chegar na tão falada Carlos de Campos. Quiça minhas fantasias com o lugar tenham me iludido, mas ela parecia realmente menor que aquela que freqüentemente se mostrava em minha imaginação. Sua cantina e quadra também eram duas coisas peculiares; desenhos diferentes e muito chamativos haviam sido pintados ali. A primeira impressão do local realmente mudou tudo aquilo que por meses imaginara ser o famoso KK, mas dizer que isso causou qualquer decepção seria certamente contar uma grande mentira.
As semanas se passaram, o ano letivo começou e os primeiros dias também se mostraram interessantes. Pessoas de todos os estilos, gostos e com características e personalidades marcantes andavam pelos corredores esbajando alegria e demonstrando uma amabilidade que eu nunca tivera a oportunidade de apreciar. Talvez fosse o "Dia do Pijama" ou mesmo as brincadeiras intermináveis que foram feitas com os bichos (posso dizer que sei muito bem o que foi isso), mas a escola mostrou um espírito de liberdade que provavelmente nenhum daqueles 120 alunos jamais experimentara. Um mundo novo se abria diante de todos nós e é provável que não tenhamos lidado com essa situação da melhor forma possível.
Seja por conta disso ou até por motivos que não convém serem explicados agora, que no ano seguinte passamos a ser mais reprimidos. Posso até ouvir quase que claramente as reclamações infindáveis, dizendo que havíamos perdido a liberdade e que aquela não era a escola que conhecíamos. É, talvez estivéssemos verdadeiramente certos. Ou talvez apenas fôssemos infantis demais para aceitar as mudanças. As festas diminuíram, os problemas com os primeiros anos começaram e alguns profissionais já não se sentiam mais tão felizes com as coisas que aconteciam. Ainda assim, levamos os meses para frente e passamos por outro ano, sem nem imaginar que agora nos encaminhávamos para a reta final.
Mais um ano teve início e nós achamos que este realmente seria diferente. Embora algumas surpresas possam ter surgido vimos que muitas pessoas já haviam mudado muito. É inegável que não entendíamos ainda nosso papel naquele lugar, talvez porque ainda nem entendêssemos nosso papel no mundo. Um ano de mudanças, brigas, sorrisos e, principalmente, de crescimento. As crianças, ou pré-adolescentes, que há três anos haviam feito uma prova para ingressar numa escola técnica já não eram mais tão pequenas. Os rostos já tomavam formas mais adultas, as atitudes haviam passado por um processo de transformação e, sem dúvida, muitos conceitos haviam sido revistos. Um mês, apenas isso. Era o que faltava para que não mais pisássemos naquele chão como alunos, mas sim como pessoas que ali deixaram marcas, pessoas que já não veriam mais o piso quadriculado e as janelas antigas daquela construção.
E cá estamos nós, a pouco mais de dois dias para o término das aulas. Não mais uma simples quarta ou quinta-feira, mas sim dois dias eternos para aqueles que agora estão de partida. Olhamos para trás e nos lembramos de tudo que passamos, das amizades que fizemos, das pessoas que conhecemos. É, talvez não ouvir mais “Oh, meu jovem” vá realmente fazer alguma diferença. Pode até ser que não poder mais inventar os piores xingamentos para extravasar nossa raiva pelos trabalhos do Thiago faça alguma falta. É possível ainda que sintamos alguma tristeza por não poder mais ir até a cantina e ver a cara da Su ou então deixar que o Marcelo esbanje toda sua simpatia. É, provavelmente jamais encontraremos um lugar como este novamente.
Por isso dele me despeço, não como se o meu mundo nele ficasse, mas como se para minha vida eu o levasse. Aproveitei cada dia da forma que deveria, pois o fiz com amor e com toda a sinceridade que havia dentro de mim. Fui o que era e me tornei o que agora sou, graças a cada pessoa que hoje está ao meu lado. Muitas delas jamais verei novamente, mas isso não significa que as ame menos. Apenas quer dizer que, assim como essa escola, devo deixá-las partir fisicamente e seguirem seus rumos. Tudo tem começo, meio e fim, mas este último não é necessariamente a catástrofe. Hoje parto com a certeza de que dei tudo de mim, fui tudo que pude ser e estive com quem devia estar. Peço perdão se me faltam palavras para dizer àqueles que amo o quão importantes são para mim, mas acho que não há dicionário nesse vasto mundo que consiga expressar o que sinto agora. Até acho que o “acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”, mas discordo com a idéia de que deveria ter amado mais. Amei o quanto pude, o quanto me foi permitido.
Carlos de Campos, hoje você leva um pedaço de mim e deixa também uma parte de ti dentro de mim. Jamais poderei esquecer o que esses três anos significaram para mim e o quanto eu cresci ao seu lado. Para mim não és apenas uma escola, mas sim um amigo que esteve comigo durante todo esse tempo. Por isso só tenho a agradecer-te pelo bem que me fizestes, pois sei que eternamente hás de comigo estar. “KK, ÊOO”, esse é o meu lema e o meu maior sentimento. Para ti deixo aquilo que fui e o que me tornei, comigo levo aquilo que fostes e o que agora és. Novos caminhos serão traçados, mas a linha que construímos jamais será apagada.
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