Se me perguntam sobre minha personalidade, logo digo: não sou extrovertido, tampouco sociável. Ainda assim não posso afirmar que não gosto de pessoas; pra falar a verdade, não sei o que seria de mim sem elas. Mas se a muitos parecer estranha a idéia de que não faço acepção, então falo que tenho um tipo preferido, que inclui aqueles que têm cérebro e coração, e usam ambos. Talvez assim elimine uma parte deles, ou, se pensarmos num contexto biológico, todos continuem inclusos.
Amores para mim não são amores, são paixões. Paixões que arrebatam meu ser e transformam meu universo por completo, mesmo que não o façam eternamente. Vivo por aquilo que me apaixono, e, no fim, não vivo para nada. Se mudo constantemente talvez seja porque não tenho afinidade com a mesmice, ou apenas não saiba permanecer o mesmo. Não digo muito o que penso, pois isso me daria um enorme trabalho, afinal, ainda teria de explicar ao mundo a minha visão sobre tudo para só depois oferecer-lhe minha opinião.
Não minto para as pessoas, mas muitas vezes penso mentir para mim. Ou talvez nem o faça; fazê-lo-ia se soubesse o que era a mentira, só que isso, meus queridos amigos, não me ensinaram. Às vezes me dizem que sou bom demais, mas aí acho que mentem para mim. Ora, mais que audácia, diria eu! Mentir para quem não lhe mente deveria ser crime inafiançável. Talvez assim as pessoas pensassem mais umas nas outras antes de falar bobagens. Mas omitir a verdade não me parece errado, pois nem toda palavra parece ter sido pensada para ser usada.
Já tentaram por milhares de vezes colocar centenas de idéias em minha cabeça que me fizessem criar algumas dezenas de sonhos. Mas que perda de tempo, digo eu! Não sabem que minha mente só a mim pertence e que nela, sem minha permissão, nada pode entrar? Talvez não entendam que sou diferente e não quero o mesmo que eles. Mas se assim não o for, pergunto-me qual a razão de quererem convencer-me de algo que não sou. Penso que possa ser simples instinto, afinal, todos parecem querer mudar a todos e isso não muda muito ao longo da história. É, coisa de humanos...vai entender!
Todavia, por fim, se me questionam sobre um grande desejo digo apenas um: línguas. Ora, se não fossem as muitas línguas de nosso universo perguntar-me-ia sobre a graça dessa vida que vivo. Se não falo, não significa que não escreva. Acho que meus dedos ganharam mais habilidade de se expressar que minha boca e isso foi algo que não pude evitar. Estranho é pensar que com os outros acontece o inverso, mas, ainda assim, não com todos. Não com todos, pois todos significaria que a Maria, o José e até mesmo a Fabiana não escrevem bem. Se não os conheço, nada posso afirmar. Apenas sei o que meu mundo limitado me afirma. E me afirma para depois desafirmar, mente para depois desmentir.
É, meu caro, talvez fosse bom que se decidisse para que eu também o pudesse. Mas se não o faz, permaneço dessa forma. E se assim se sucede, não me torno extrovertido ou sociável, continuo a gostar de todos e me apaixonar por tudo. E o pior: não aprendo a mentir! Acho que, no fim das contas, o grande problema é do meu mundo. Esse que insiste em não saber o que quer e escrever para fugir da realidade de se afirmar perante a si mesmo. Mas palavras são só isso: palavras. Se as uso hoje, as desuso amanhã. E assim vou eu, girando junto com meu mundo que, por hora, me parece o Universo. Universo esse que nada tem de decidido.
E se disseram que era impossível mudar as palavras lançadas, acho que mentiram. Meu Universo é perfeitamente capaz de fazê-lo. Aliás, acho que mudarei essa fala, pois mentir é coisa feia. Tentarei omitir a verdade. Talvez assim descubra quem realmente sou e qual é o grande problema com a inconsistência do meu Universo. Ou quiçá até entenda que, na verdade, meu Universo tem uma coisa estável: o fato de que será, por todos os dias de minha vida, totalmente instável.
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