AVISO

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terça-feira, 8 de dezembro de 2009

(Conto) Um Grande Tombo

Para ela era apenas mais um dia de pressa e desespero, onde deveria correr o quanto pudesse para fazer tudo a tempo. Para ele nada mais que uma segunda-feira usual, com pessoas apressadas por todos os lados e uma garoa não tão comum, porém fraca o suficiente para se tornar suportável. Caminhavam como se o resto do mundo não existisse, mostrando claramente não notarem a presença um do outro. Bom, pelo menos assim foi até o momento em que ela, em sua correria e afobação, tropeçou e foi direto para o chão, estatelando-se com um baque que insinuava ter doído. Se não fosse por aquilo, provavelmente os dois chegariam ao ponto de ônibus sem jamais trocar sequer um olhar, mas aquela situação mudara tudo.
Ele, demonstrando profundo cavalheirismo, correu na direção dela e estendeu sua mão para que pudesse levantar, conferindo cada mínimo centímetro do seu corpo para ver se algo não havia se quebrado ou simplesmente desaparecido. Ela, por sua vez, não pôde deixar de reparar: quão verdes e profundos eram os olhos daquele homem e seus cabelos tão negros que pareciam até terem sido pintados com uma tinta jamais vista ou descoberta por qualquer outro humano. Dois detalhes que conferiam um chamativo contraste com sua pele de tom claríssimo. “Nossa!”. Ela simplesmente perdera-se em tão abundante beleza – pelo menos a seu ver – e não notara que o homem falava com ela.
- Moça, está tudo bem?
- S-s-sim! Está sim! – respondeu abruptamente, como se acordasse de um transe aparentemente inescapável.
- Que bom, porque foi um belo de um tombo! Pensei que pudesse ter sofrido algum machucado ou mesmo torcido o tornozelo, algo do tipo.
- Não, e-está tudo bem, sim. Obrigada!
Mesmo que não estivesse ela não poderia notar; estava tão absorta em seus pensamentos e no choque que acabara de receber que já não pensava com clareza, sentindo como se seu cérebro tivesse parado de mandar os alertas referentes à dor. Podia ter até mesmo sofrido uma fratura exposta e nem sentir, pois sua mente já não se fazia mais presente naquele corpo.
- Por acaso estava indo para aquele ponto? – falou ele, apontando em direção a um ônibus que estava a pouco mais de seis metros à frente.
- Sim, estava. - falou ela, quase soletrando, ainda meio desnorteada, como se procurasse as palavras certas em um vasto dicionário de uma língua desconhecida.
- Pois então acho que podemos ir juntos! Estou indo para um compromisso e preciso pegar exatamente esse ônibus.
Ao ouvir essas palavras a alma dela se encheu do mais puro ânimo. Era como se seu dia tivesse sido refeito e nenhum de seus problemas importasse mais. Pensou imediatamente nos inúmeros filmes de romance com nomes melosos e enredos – para ela – emocionantes. Sentia uma emoção dentro de seu peito que parecia não poder ser controlada e imaginou que com ele também acontecia o mesmo (o que talvez fosse efeito do sorriso enorme que o rapaz prontamente lhe dera há alguns poucos segundos). A magia do mundo havia voltado! Sua vida não seria mais a mesma, pensava consigo.
Os dois embarcaram e sentaram ao lado um do outro. Conversaram durante a viagem inteira como se fossem velhos amigos que não se viam há anos e precisavam ininterruptamente colocar o papo em dia. Descobriram que gostavam das mesmas bandas – o que só aconteceu quando ela notou um som familiar vindo dos fones de ouvido dele, que pareceriam ter sido esquecidos ligados propositalmente, não fosse por conta da confusão. Falaram sobre tudo que se é possível falar em uma viagem de trinta minutos. Ela, em seus pensamentos, não sabia descrever o que sentia, mas entendia que era bom e que queria que ele ficasse ali para sempre. Mas, como se o tempo corresse contra eles, o ônibus se aproximou do local onde se separariam.
- Desço no próximo – falou ele levantando-se rapidamente e aparentando estar triste por ter que pôr fim à diversão.
- Tudo bem então! Obrigada por ter me ajudado! - respondeu a mulher, abrindo um grande sorriso que mostrava exatamente o que sentia: pura alegria.
Como se fosse sua obrigação fazê-lo, o homem devolveu o sorriso, colocando-se agora frente à porta do ônibus e aprontando-se para desembarcar. Arrumava seus fones de ouvido e parecia procurar alguma música que quisesse, embora não demonstrasse muita certeza de sua vontade no momento. Ela não fazia nada além de observá-lo, lembrando-se que talvez jamais o visse novamente e que precisava registrar aqueles momentos. Ainda assim, sentia dentro de si que amanhã mesmo se trombariam e travariam mais uma longa batalha, competindo para ver quem conseguiria falar mais. Finalmente o veículo parou, as portas se abriram e ele desceu sem olhar pra trás, deixando apenas um resquício de seu perfume no ar.
Durante todo aquele dia a mulher não fez mais que pensar nele. Foi extremamente difícil concentrar-se em suas atividades, uma vez que os únicos pensamentos recorrentes em sua mente continham imagens de um casal passeando por parques, indo ao cinema e esbanjando todo o amor que tinham para dar. Não era de se espantar que não tirasse o sorriso do rosto nem sequer por um momento, mostrando um ar claramente apaixonado. Ao fim do expediente, o que se deu dez horas após o incidente, a memória daquele rapaz ainda não deixara sua mente; pelo contrário, tornara-se mais forte e carregada de sentimentos e expectativas. Sem dúvida alguma o veria novamente e aí teria chance de pegar alguma informação que lhes pudesse fornecer um contato permanente, pensava ela.
Saindo do prédio onde trabalhava dirigiu-se para o metrô, que, naquela noite, seria seu meio de transporte. Era inegável que preferia o ônibus, uma vez que este a deixava muito mais perto de sua casa, mas olhar para aquela fila quilométrica esperando para embarcar num veículo que parecia não poder conter metade daquelas pessoas com certeza a desanimou completamente. Descendo as escadas e alcançando a bilheteria, comprou sua passagem. Seguiu em direção à plataforma. Não demorou muito para que o trem chegasse.
As portas se abriram, aqueles que precisavam desembarcar o fizeram e ela entrou no vagão, sentando-se ao lado de uma das janelas. Podia notar que estava excepcionalmente vazio, não fosse por um senhor roncando alto alguns bancos à frente e um casal em pé, encostado em uma das portas. Era incrível como o amor lhe parecia belo naquele momento e como lhe fazia bem ver aquelas duas pessoas se beijando, trocando todo o afeto que lhes era possível. Tão incrível quanto isso foi perceber que o homem, embora estivesse de costas, se parecia muito com aquele que estivera em seus pensamentos durante todo o dia. Como ela queria ser aquela mulher,pensava, tendo a sorte de estar nos braços daquele rapaz que nem o nome sabia ainda. Mas, para seu espanto, talvez a mulher tivesse realizado o desejo ao pé da letra. Era ele - constatou ela após reparar nos cabelos extremamente negros - o mesmo cara que há algumas horas a ajudara a levantar e se mostrara tão prestativo.
O choque foi tão forte quanto o tombo que naquele mesmo dia experimentara. Não conseguia mais achar os pensamentos dentro de sua mente. Ela o amava, por menos de vinte e quatro horas, mas o amava. Aquilo definitivamente não poderia estar acontecendo, pensava consigo. Sua única reação foi encarar o casal como se seu olhar fosse atraído por uma espécie de magnetismo extremamente forte. E, para seu crescente desgosto, percebeu repentinamente que o homem também a olhava. Os dois já não se beijavam mais e ele só conseguia retribuir o olhar, mas não da mesma forma que o recebia. Os sorrisos haviam morrido nos rostos de ambos. Ela sentia-se traída; ele, um grande enganador. Levantando-se rapidamente, ela foi em direção à porta, tentando evitar as lágrimas que insistentemente pareciam querer pular de seus olhos. Todas as imagens que o dia inteiro cultivara despedaçavam-se ali e não havia nada que pudesse fazer para evitá-lo. Assim que o trem estacionou na estação, ela andou o mais rápido que pôde, sem olhar para trás, numa tentativa frustrada de barrar o sentimento que agora crescia em seu peito; um misto de aperto e desilusão. Novamente distraiu-se e o resultado não foi muito diferente daquele anterior: tropeçou e foi, mais uma vez, parar no chão.
Uma voz surgiu por detrás dela, com um tom grosso, porém extremamente sereno e claramente prestativo.
- Moça, está tudo bem?
Ela, sem ao menos virar-se para ver quem falava, levantou-se e pôs-se em posição novamente.
- Sim, obrigada. Estou bem.
Não queria ajuda, não precisava de ajuda. E, como se todo aquele dia jamais tivesse acontecido, voltou a andar, pensando apenas no jantar que provavelmente a esperava quando chegasse em sua casa.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Inconsistência do Universo

Se me perguntam sobre minha personalidade, logo digo: não sou extrovertido, tampouco sociável. Ainda assim não posso afirmar que não gosto de pessoas; pra falar a verdade, não sei o que seria de mim sem elas. Mas se a muitos parecer estranha a idéia de que não faço acepção, então falo que tenho um tipo preferido, que inclui aqueles que têm cérebro e coração, e usam ambos. Talvez assim elimine uma parte deles, ou, se pensarmos num contexto biológico, todos continuem inclusos.
Amores para mim não são amores, são paixões. Paixões que arrebatam meu ser e transformam meu universo por completo, mesmo que não o façam eternamente. Vivo por aquilo que me apaixono, e, no fim, não vivo para nada. Se mudo constantemente talvez seja porque não tenho afinidade com a mesmice, ou apenas não saiba permanecer o mesmo. Não digo muito o que penso, pois isso me daria um enorme trabalho, afinal, ainda teria de explicar ao mundo a minha visão sobre tudo para só depois oferecer-lhe minha opinião.
Não minto para as pessoas, mas muitas vezes penso mentir para mim. Ou talvez nem o faça; fazê-lo-ia se soubesse o que era a mentira, só que isso, meus queridos amigos, não me ensinaram. Às vezes me dizem que sou bom demais, mas aí acho que mentem para mim. Ora, mais que audácia, diria eu! Mentir para quem não lhe mente deveria ser crime inafiançável. Talvez assim as pessoas pensassem mais umas nas outras antes de falar bobagens. Mas omitir a verdade não me parece errado, pois nem toda palavra parece ter sido pensada para ser usada.
Já tentaram por milhares de vezes colocar centenas de idéias em minha cabeça que me fizessem criar algumas dezenas de sonhos. Mas que perda de tempo, digo eu! Não sabem que minha mente só a mim pertence e que nela, sem minha permissão, nada pode entrar? Talvez não entendam que sou diferente e não quero o mesmo que eles. Mas se assim não o for, pergunto-me qual a razão de quererem convencer-me de algo que não sou. Penso que possa ser simples instinto, afinal, todos parecem querer mudar a todos e isso não muda muito ao longo da história. É, coisa de humanos...vai entender!
Todavia, por fim, se me questionam sobre um grande desejo digo apenas um: línguas. Ora, se não fossem as muitas línguas de nosso universo perguntar-me-ia sobre a graça dessa vida que vivo. Se não falo, não significa que não escreva. Acho que meus dedos ganharam mais habilidade de se expressar que minha boca e isso foi algo que não pude evitar. Estranho é pensar que com os outros acontece o inverso, mas, ainda assim, não com todos. Não com todos, pois todos significaria que a Maria, o José e até mesmo a Fabiana não escrevem bem. Se não os conheço, nada posso afirmar. Apenas sei o que meu mundo limitado me afirma. E me afirma para depois desafirmar, mente para depois desmentir.
É, meu caro, talvez fosse bom que se decidisse para que eu também o pudesse. Mas se não o faz, permaneço dessa forma. E se assim se sucede, não me torno extrovertido ou sociável, continuo a gostar de todos e me apaixonar por tudo. E o pior: não aprendo a mentir! Acho que, no fim das contas, o grande problema é do meu mundo. Esse que insiste em não saber o que quer e escrever para fugir da realidade de se afirmar perante a si mesmo. Mas palavras são só isso: palavras. Se as uso hoje, as desuso amanhã. E assim vou eu, girando junto com meu mundo que, por hora, me parece o Universo. Universo esse que nada tem de decidido.
E se disseram que era impossível mudar as palavras lançadas, acho que mentiram. Meu Universo é perfeitamente capaz de fazê-lo. Aliás, acho que mudarei essa fala, pois mentir é coisa feia. Tentarei omitir a verdade. Talvez assim descubra quem realmente sou e qual é o grande problema com a inconsistência do meu Universo. Ou quiçá até entenda que, na verdade, meu Universo tem uma coisa estável: o fato de que será, por todos os dias de minha vida, totalmente instável.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Uma Peça Inesquecível

Talvez muitos poetas errem ao dizer que o amor é o sentimento mais intenso. Arrisco-me a afirmar que muitas de suas poesias podem ser descartadas sem o menor temor, pois todos andavam na mesma estrada errada e sem destino. Pelo menos para mim, deveriam ter escrito sobre a saudade; essa mesma que agora me atinge, comprimindo meu peito como se não tivesse piedade.
Risos, choro e muitas lembranças se agarram desesperadamente à minha mente e não demonstram querer ir embora tão cedo. Tudo o que fiz e mesmo o que deixei de fazer parecem ter acontecido num mundo tão distante, tão isolado da minha atual realidade, que fica até difícil saber se minha memória não mente para mim, pregando uma peça que parece ter sido mais longa que o esperado. Apenas sei que se ela o fez, foi muito astuta, pois acreditei em suas mentiras durante três anos. E quão boas mentiras foram essas! Quão maravilhosos momentos tive a oportunidade de desfrutar! Não sei se devo agradecê-la ou não, mas prefiro pensar que algo assim foi feito para o meu bem. Posso ter vivido nesse mundo distante e só agora ter retornado para cá. São tantas possibilidades...
A única coisa certa para mim é que agora me afasto desse lugar onde habitei, deixando lá uma parte de mim e todo o amor que eu, como um simples adolescente, pude ter. Não o faço por vontade, mas sim porque a isso fui obrigado. Guardo agora as lembranças de um universo que existirá somente em minha mente nos anos que ainda hão de se suceder. Pra sempre transformado, jamais o mesmo. Obrigado pela grande mentira, mente, minha querida. Como você mesma diz, "toda brincadeira tem começo, meio e fim" e, pelo visto, a sua não fugiu à regra. Agradeço também a todos vocês que desse espetacular teatro fizeram parte. Lembrar-me-ei de vós até que não reste mais fôlego de vida em meu corpo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Meu Grande Amigo

É, três anos se passaram desde que estamos juntos. Lembro-me perfeitamente dos primeiros dias de nosso relacionamento, logo quando te vi e pensei "nossa, que estranho". Acho que não sabia o quão bom você poderia ser para mim. Os dias se foram e a cada momento sua presença continuava lá, independentemente do que acontecesse. É inegável que talvez sempre nos encontrarmos num lugar como o Brás não foi uma de nossas melhores escolhas, mas penso que por isso devo culpar somente a mim.
Você, com seu jeito único e vívido me conquistou, entrando no meu coração sem nem ao menos pedir licença. Não sei se isso pode ser considerado rude de sua parte, mas a verdade é que essa aproximação me proporcionou grandes momentos. Contigo, durante três anos, ri e vivi tudo aquilo que essa fase de minha vida pudesse permitir. Não fui falso em nosso relacionamento, embora nem sempre tenha lhe retribuído todo o seu amor na mesma quantidade. Mas acho que isso é uma particularidade sua; se doar sem olhar a quem, dar-se por inteiro e nada pedir em troca. É, acho que você é alguém realmente diferente.
Não posso esquecer de seu estilo extravagante e a mudança pela qual passastes nesses últimos anos, mais precisamente do ano passado para cá. Sei que após minha partida você já não será mais o mesmo, embora não possa me dar qualquer sombra de mérito por tal fato. O mais importante é que aqui estamos e nosso relacionamento sobreviveu a tudo, sendo que, mesmo neste momento de despedida, ainda ficará guardado dentro de mim. Se para muitos fostes apenas uma escola, para mim te tornastes muito mais. Um amigo talvez fosse a melhor descrição para ti, Carlos de Campos.
Alguém com qualidades e defeitos, assim como todos nós. De ti levo uma parte e de mim, para tua recordação, deixo minha memória. Meus dias não serão mais iguais agora que vou para longe, mas não me arrependo pelo tanto que te amei. Aliás, não devo dizer que te amei, pois a indicação do passado talvez insinue que isso já não continua, o que, sem dúvida, é uma grande mentira. Te amei muito ontem e hoje o faço com maior intensidade, mas ainda menos que amanhã. Sinto contigo a eterna reconquista, que jamais se finda, mas permanece nos corações de quem a torna melhor a cada dia.
Seus risos, seu choro, sua revolta e tudo que diz respeito a você ficarão gravados pelo resto dos meus dias nessa Terra. As lições que com amor me ensinastes serão para mim de grande valor. Apenas posso agradecer pela tua grande amizade e pedir perdão pelas falhas que contigo possa ter cometido. Obrigado por tudo, obrigado por ser tudo que durante esses três anos foi para mim, obrigado, acima de tudo, por existir. Peço que jamais abandone aqueles que hoje te amam, pois sei o quanto me doeria se o tivesse feito comigo. Te amo com todas as forças e com tudo que posso, assim como o fiz todos os dias que contigo passei. Me apaixonei por ti e este sentimento arderá sempre em meu peito, guardando tudo que passamos juntos. Hoje agradeço a Deus por tudo que Ele me deu ao seu lado, meu querido Carlos de Campos. Sem dúvida te tornastes meu amigo, meu grande e insubstituível amigo.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Novos Caminhos

É, às vezes parecermos não nos dar conta de quantas etapas é recheada nossa vida. Olhamos sempre pro presente e pro panorama que os fatos, talvez gentilmente, nos presenteiam. As coisas passam, tudo que chega se vai e nós ficamos, por mais que pensemos estar andando. Não sei bem ao certo quando me dei conta, mas penso que repentinamente, assim como um raio atinge o chão, percebi que aqui estou eu, depois de três anos de realizações, decepções e experiências diferentes. Como se me perguntasse qual é o próximo passo, permaneço parado. E talvez não esteja tão sozinho quanto ouso imaginar que estou. Acho que, num lugar perdido bem no meio do Brás, mais 119 pessoas se sentem igual ou de forma semelhante a mim. É, três longos anos que passaram tão rápido quanto o dia de amanhã há de passar.
No fundo do meu peito nasce agora uma vontade de gritar, provavelmente por sentir-me incapaz diante de tal situação. Juntamente com essa sensação sobe-me um nó pela garganta, alojando-se e impedindo-me de respirar calmamente como gostaria. Talvez tais palavras soem de modo catastrófico ou pareçam até um exagero para aqueles que as leêm, mas é inegável que as emoções do momento são tão fortes quanto tudo isso. Lembro-me dos dias em que despertei e desejei não ter que enfrentar o Brás novamente, passar pelas dezenas de vendedores ambulantes e ter que desviar de tantos carros que pareciam estar ali apenas para barrar o caminho. Muitas vezes sentia até que armavam um complô contra mim, onde bolivianos, compradores desesperados e motoristas irritados pareciam, de todas as formas, tentar evitar que eu chegasse a tempo para a primeira aula (ou mesmo que sobrevivesse a mais um dia). É, talvez realmente tivessem essa intenção...
Não posso deixar de recordar o espanto que senti ao chegar na tão falada Carlos de Campos. Quiça minhas fantasias com o lugar tenham me iludido, mas ela parecia realmente menor que aquela que freqüentemente se mostrava em minha imaginação. Sua cantina e quadra também eram duas coisas peculiares; desenhos diferentes e muito chamativos haviam sido pintados ali. A primeira impressão do local realmente mudou tudo aquilo que por meses imaginara ser o famoso KK, mas dizer que isso causou qualquer decepção seria certamente contar uma grande mentira.
As semanas se passaram, o ano letivo começou e os primeiros dias também se mostraram interessantes. Pessoas de todos os estilos, gostos e com características e personalidades marcantes andavam pelos corredores esbajando alegria e demonstrando uma amabilidade que eu nunca tivera a oportunidade de apreciar. Talvez fosse o "Dia do Pijama" ou mesmo as brincadeiras intermináveis que foram feitas com os bichos (posso dizer que sei muito bem o que foi isso), mas a escola mostrou um espírito de liberdade que provavelmente nenhum daqueles 120 alunos jamais experimentara. Um mundo novo se abria diante de todos nós e é provável que não tenhamos lidado com essa situação da melhor forma possível.
Seja por conta disso ou até por motivos que não convém serem explicados agora, que no ano seguinte passamos a ser mais reprimidos. Posso até ouvir quase que claramente as reclamações infindáveis, dizendo que havíamos perdido a liberdade e que aquela não era a escola que conhecíamos. É, talvez estivéssemos verdadeiramente certos. Ou talvez apenas fôssemos infantis demais para aceitar as mudanças. As festas diminuíram, os problemas com os primeiros anos começaram e alguns profissionais já não se sentiam mais tão felizes com as coisas que aconteciam. Ainda assim, levamos os meses para frente e passamos por outro ano, sem nem imaginar que agora nos encaminhávamos para a reta final.
Mais um ano teve início e nós achamos que este realmente seria diferente. Embora algumas surpresas possam ter surgido vimos que muitas pessoas já haviam mudado muito. É inegável que não entendíamos ainda nosso papel naquele lugar, talvez porque ainda nem entendêssemos nosso papel no mundo. Um ano de mudanças, brigas, sorrisos e, principalmente, de crescimento. As crianças, ou pré-adolescentes, que há três anos haviam feito uma prova para ingressar numa escola técnica já não eram mais tão pequenas. Os rostos já tomavam formas mais adultas, as atitudes haviam passado por um processo de transformação e, sem dúvida, muitos conceitos haviam sido revistos. Um mês, apenas isso. Era o que faltava para que não mais pisássemos naquele chão como alunos, mas sim como pessoas que ali deixaram marcas, pessoas que já não veriam mais o piso quadriculado e as janelas antigas daquela construção.
E cá estamos nós, a pouco mais de dois dias para o término das aulas. Não mais uma simples quarta ou quinta-feira, mas sim dois dias eternos para aqueles que agora estão de partida. Olhamos para trás e nos lembramos de tudo que passamos, das amizades que fizemos, das pessoas que conhecemos. É, talvez não ouvir mais “Oh, meu jovem” vá realmente fazer alguma diferença. Pode até ser que não poder mais inventar os piores xingamentos para extravasar nossa raiva pelos trabalhos do Thiago faça alguma falta. É possível ainda que sintamos alguma tristeza por não poder mais ir até a cantina e ver a cara da Su ou então deixar que o Marcelo esbanje toda sua simpatia. É, provavelmente jamais encontraremos um lugar como este novamente.
Por isso dele me despeço, não como se o meu mundo nele ficasse, mas como se para minha vida eu o levasse. Aproveitei cada dia da forma que deveria, pois o fiz com amor e com toda a sinceridade que havia dentro de mim. Fui o que era e me tornei o que agora sou, graças a cada pessoa que hoje está ao meu lado. Muitas delas jamais verei novamente, mas isso não significa que as ame menos. Apenas quer dizer que, assim como essa escola, devo deixá-las partir fisicamente e seguirem seus rumos. Tudo tem começo, meio e fim, mas este último não é necessariamente a catástrofe. Hoje parto com a certeza de que dei tudo de mim, fui tudo que pude ser e estive com quem devia estar. Peço perdão se me faltam palavras para dizer àqueles que amo o quão importantes são para mim, mas acho que não há dicionário nesse vasto mundo que consiga expressar o que sinto agora. Até acho que o “acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”, mas discordo com a idéia de que deveria ter amado mais. Amei o quanto pude, o quanto me foi permitido.
Carlos de Campos, hoje você leva um pedaço de mim e deixa também uma parte de ti dentro de mim. Jamais poderei esquecer o que esses três anos significaram para mim e o quanto eu cresci ao seu lado. Para mim não és apenas uma escola, mas sim um amigo que esteve comigo durante todo esse tempo. Por isso só tenho a agradecer-te pelo bem que me fizestes, pois sei que eternamente hás de comigo estar. “KK, ÊOO”, esse é o meu lema e o meu maior sentimento. Para ti deixo aquilo que fui e o que me tornei, comigo levo aquilo que fostes e o que agora és. Novos caminhos serão traçados, mas a linha que construímos jamais será apagada.

domingo, 15 de novembro de 2009

O Rumo

Pelos muitos lugares sou viajante
Através das areias que me levam a nenhum lugar
Por meus pés sou feito uma flecha errante
Que sem rumo tenta seu destino alcançar

Pelos dias e noites, sem descanso, sem paradas
Meu chão é apenas um degrau esquecido
Onde caminho, escondendo minhas pegadas
De um lado a outro, buscando o conhecimento enaltecido

E se me deparo com o desconhecido, logo sei que
Se por meus olhos fosse guiado
Então por meus pensamentos quiçá fosse norteado

Mas conformo-me em ser a metamorfose esquecida
Que nos versos de um poeta
É descrita como a alma enriquecida

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Espelho

Olhar a vida de outra forma é exatamente observar o outro lado, estar na parte oposta. Difícil é entender os dois lados, uma vez que parecem tão contrastantes e tão chamativos que ambos acabam se tornando interessantes. Mais difícil ainda é escolher entre um dos dois, principalmente pelo fato de que, na maioria dos casos, o lado mais empolgante é justamente o mais prejudicial. Mas a escolha é nossa e exclusivamente nossa.
Todos apontamos os defeitos alheios, todos julgamos e todos fingimos ser politicamente corretos, educados e inteligentes o suficiente para não pisar na bola. O que não percebemos, na realidade, é que tropeçamos e erramos muito mais do que possamos imaginar. Mas eis o grande problema: não nos damos conta disso até quebrarmos a cara. O pior de tudo é saber que muitas vezes a perda é definitiva e aquilo que se foi é e sempre será insubstituível. Aí vem a maior dor; exatamente disso nasce a ferida mais profunda e a chaga mais dolorosa.
É incrível perceber que uma das coisas mais fáceis é, ao mesmo tempo, a maior dificuldade enfrentada pelo homem em todas as épocas da história. Chega a ser cômica a forma como lidamos com as coisas e o imenso trabalho que enfrentamos ao tentar nos colocar no lugar dos outros. Pode-se até dizer que é praticamente impossível entender o outro e respeitá-lo como se fosse a nós mesmos. Mas o peso recai ainda em outro ponto. O que mais importa nas nossas vidas? Para essa pergunta podemos até formular milhões de respostas, mas todas elas irão convergir para um único ponto: nós.
Tudo que fazemos, pensamos, falamos, planejamos, sonhamos e realizamos tem como foco o nosso bem-estar e nada além disso. Se amamos alguém e nos relacionamos com essa pessoa é por aquilo que sentimos ao estar com ela. Fazê-la feliz nos faz feliz e por isso queremos intensificar esse sentimento e levá-lo aos limites de nosso entendimento, expandindo, conseqüentemente, nossa felicidade. Para a caridade vemos a mesma coisa, uma vez que ajudamos para não nos sentirmos mal ao vermos alguém que possui muito menos que nós e carece muitas vezes das coisas mais básicas. Logo, o centro, novamente, somos nós e o nosso bem-estar. E, assim como esses dois exemplos, isso acontece para todo o resto que permeia nossa vida. Mas é aí que entra uma nova questão: seria isso bom ou ruím?
Para responder essa questão é extremamente importante que façamos outra de valor ainda maior: o que é bom? Bom é apenas aquilo baseado em boas intenções e que exclui totalmente o nosso prazer? Ou seria o que busca não somente a nossa felicidade, mas também a alegria daqueles que nos rodeiam? É correto fazer algo a alguém visando, mesmo que inconscientemente, a nossa satisfação? Eu responderia, sem sombra de dúvida, que sim. Logo, o egoísmo, ao contrário do que muitos pensam, pode ser bom. E é exatamente no espelho do egoísmo que vemos refletido o altruísmo, e vice-versa. Nem um dos dois é totalmente bom, assim como não são totalmente ruins. Isso porque, assim como todos os outros sentimentos, ambos são derivados do amor.
E o amor tem seu espelho, assim como todo o resto em nossas vidas. Ele é bom, mas pode também ser extremamente prejudicial. Para mim, devemos vê-lo sempre como o gerador de todas as outras sensações. Tudo vem dele e tudo vai para ele. Todas as coisas dele nascem e todas as coisas nele morrem. Nada é feito sem amor, tanto coisas boas como ruins. Se, por um lado, o amor nos leva a grandes realizações e belíssimas ações com o pensamento focado nas outras pessoas, por outro faz-nos cometer as piores atrocidades e leva-nos ao extremo de nossa maldade. A grande diferença se encontra exatamemente na limpeza desse sentimento, ou seja, em torná-lo livre de toda influência humana, que, por natureza, tende a confundir e tratar as coisas de forma errada. Tudo que fazemos visando o mal, com certeza não acabará bem, assim como tudo que fazemos procurando o bem, alcançará os melhores resultados.
E assim sempre será, posto que tudo tem seu espelho e toda a maldade se origina da bondade, bem como o inverso também é verdadeiro. Dessa forma, toda atitude que tomamos depende de nós para se tornar boa ou má. Embora não sejamos bons e nem maus, sempre sabemos o que é certo e o que é errado. O importante é jamais se deixar enganar e saber definir muito bem o que é reflexo e o que é imagem ao olharmos para esse grande espelho que é a nossa vida.


terça-feira, 28 de julho de 2009

Amar...

O amor é o tipo de coisa que seria cômica se não fosse trágica. É realmente desanimador ver a forma como o ser humano tenta até hoje lidar com esse sentimento e acompanhar as falhas sucessivas que vêm acontecendo por conta da nossa incapacidade de administrar tal coisa. Aí ouvimos pessoas dizerem que odeiam o amor, que não querem mais amar e que rejeitarão toda e qualquer expressão de afeto que lhes vier. O que não percebem é que não amar é o mesmo que não viver, uma vez que nossa existência se baseia apenas nisso e não há outro sentido para permanecermos aqui.
É fácil observar os problemas que nosso mundo atual se encontra e é uma lástima ver que a solução parece simplesmente não estar ao alcance, não importa o quanto nos esforcemos. Mas a realidade é que não aprendemos a amar e jamais aprenderemos se continuarmos a seguir o sistema que criamos para gerenciar nosso convívio em sociedade. Tudo aqui se baseia em regras e elas regem cada mínimo passo que damos. Saber que essas determinações que devem ser seguidas se encontram até nos relacionamentos é algo extremamente triste e frustrante. O amor não existe senão para oferecer liberdade àqueles que o tornam seu estilo de vida, e ele sempre propiciará aos que se propuserem a segui-lo um caminho prazeroso e livre de tantas decepções e o vazio interior que atualmente encaramos.
A grande dificuldade da humanidade é compreender esse sentimento tão sublime que achamos conhecer tão profundamente. Temos a tendência a relacioná-lo com servidão, ciúme, ter uma pessoa apenas para você e fazer dela a sua vida, mas ignoramos constantemente o fato de que, no fim das contas, o amor não se trata absolutamente de nada disso. Amor é liberdade acima de tudo e a grande maioria das pessoas não sabe lidar com isso. Presenciei um caso recente onde uma das pessoas de um relacionamento declarou claramente, embora não com essas palavras, que amar para ela é prender alguém e que necessitava de provas para saber que também era querida. Ora, não se exigem provas de amor. Se alguém te prova que te ama, o faz porque realmente sente vontade e tira tudo que lhe entrega sentimentalmente do fundo do coração. Se a pessoa se vê obrigada a fazer determinada coisa, logo aquilo se torna artificial, deixando de ser natural e, por conseqüência, perdendo todo sinal de amor que poderia estar contido no ato.
É nessa confusão de pensamentos e quereres, onde nossas necessidades imaginárias se colocam muito acima de nossos sentimentos que perdemos grande parte daquilo que poderíamos viver e aproveitar todos os dias de nossa vida. As pessoas devem aprender que amar não é possuir alguém, mas sim ter essa pessoa guardada no interior. Por esse motivo o amor verdadeiro não acaba, independente da circunstância. Muitos também se esquecem que não falo apenas de amor no sentido de relacionamentos amorosos. Falo de toda e qualquer forma de expressão do amor, seja entre irmãos, parentes, pais e filhos, amigos ou qualquer outro tipo de relacionamento. Enquanto não aprendermos a amar verdadeiramente seremos incapazes de viver o que de mais belo a vida pode nos oferecer: a comunhão.
Não adianta criar regras e mais regras, porque isso só demonstra que não confiamos realmente naqueles que dizemos amar. Isso porque se confiássemos não necessitaríamos ditar o que deve e o que não deve ser feito em um relacionamento, uma vez que esse, por si só e baseado no amor mútuo, traria a felicidade para os dois lados e se manifestaria nas ações que visassem o bem estar de todas as pessoas envolvidas.
Desconfiança só gera medo e isso não leva ninguém a canto algum. Relacionamentos baseados em regras intermináveis e permeados com o famoso "não pode" estão fadados a acabar. Apenas quando entendermos o verdadeiro significado do amor e a liberdade que ele pode nos proporcionar, quando abrirmos mão do medo de perder as pessoas que dizemos amar e quando esquecermos tudo que nos ensinaram sobre como devemos amar é que entenderemos o que é viver no e pelo amor.
Até lá só resta continuar tentando entender o porquê das coisas e jogar a culpa no sentimento toda vez que nós fracassarmos em nosso caminho há muito desviado do propósito real de nossa existência.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Fake universe, fake feelings, fake love...fake life!

Muitas vezes nos deparamos com sonhos fantásticos, prazerosos, desejáveis e, para nossas mentes fechadas, até inalcançáveis. Cansamos de ouvir sempre a mesma história de que devemos perseguir nossos desejos, nos tornarmos o que realmente queremos e descobrir nosso lugar nesse grande planeta. Tentamos diariamente e insistentemente sermos aceitos pelo mundo, pelas pessoas, pelos lugares e a batalha mais árdua se encontra quando temos de aceitar a nós mesmos.
Encarar a vida como uma jornada talvez seja a melhor forma de lidar com os problemas que faltamente surgirão durante os anos em que estaremos aqui. Muitos não podem enxergar as belezas desse lugar e é triste ver como estamos tão acostumados a reclamar de tudo e acabamos nos esquecendo de agradecer pelo pouco e até o muito que temos. Menosprezamos o maravilhoso som produzido por um pássaro, as belezas da natureza e os encantos de toda a criação. Trocamos todas essas coisas por estresse, cansaço intenso, nervosismo, enxaquecas, apego material e tantas outras coisas que já nem ligamos mais pra vida em si. Isso se prova ao vermos que a prioridade de grande parte da população mundial atualmente é só uma: enriquecer. E ainda vamos além! Esquecemos quem somos, para que estamos aqui e ignoramos o fato de não sermos apenas matéria. Tornamos-nos céticos e dignos de sermos chamados de "Tomés".
Com tudo isso seguimos nosso caminho, arrumamos nossas malas e partimos em direção a qualquer destino. Perdemos o total senso de direção e de comunhão e simplesmente esquecemos todos os que estão ao nosso redor. Amar ao próximo se tornou algo obsoleto e hoje o lema é a competição. Não posso deixar de me perguntar que mundo estamos construindo, para onde estamos rumando e qual é o propósito de tudo isso. Fechar os olhos para a sociedade decadente em que nos encontramos é o mesmo que ignorar nossa própria existência. Muitos falam, poucos protestam. Muitos choram, poucos fazem. Poucos têm muito, muitos têm pouco. E assim nós seguimos para aquilo que chamamos de evolução. Ainda bem que não nos preocupamos muito com o conceito de desenvolvimento, senão estaríamos certamente perdidos.
E nessa vida continuamos, nessa vida seguimos...
O importante é não esquecer jamais das dicas essenciais: não ame, não sinta, não pense, não faça pelos outros, vingue-se de quem te faz mal, não seja bom (bonzinhos sempre se ferram) e não faça nada que possa lhe render uma reputação no estilo altruísta; e uma das partes mais indispensáveis: Deus não existe! Convença-se disso e terás dias felizes. Afinal, qual a razão dEle existir se nosso conhecimento tão elevado pode nos dar todas as respostas que precisamos? Existe um motivo para a existência de um ser supremo se já somos tão independentes?! Por que necessitaríamos do amor dEle e de suas leis se nos viramos tão bem sozinhos?! Matamos milhares através de nossas cobiças, massacramos milhões por querermos cada vez mais e ignoramos infinitos pedidos de socorro por nos sentirmos superiores. Mas qual é o grande problema com isso?! Podem estar morrendo de fome, sofrendo com inúmeras doenças, padecendo por conta de diversos males, mas isso tudo não importa. São apenas pessoas! Não como você ou como eu, não tão especiais. Apenas pessoas!
E nesse objetivo sem rumo continuamos. Achamos-nos dignos de muita coisa, engrandecemos cada vez mais nosso ego que alimenta incessantemente nosso vazio interior e a vontade de nos sentirmos queridos, reclamamos de tudo, pisamos em cima de quem achamos ser inferior apenas para nos acharmos superiores e damos risada dos erros alheios para aumentar a mesma sensação de grandeza para a qual vivemos. Prendemos-nos nesse jogo eterno, infindável, cansativo e desesperador do qual tentamos diariamente sair. Mas quando damos um passo para fora recuamos três para o centro da coisa. E todos jogam, porque ninguém pode estar de fora. Estar de fora é como ser uma aberração. Estar de fora é não estar incluso no "universo falsidade", onde todos são apenas máscaras e permanecem vazios para o resto de suas vidas. Arduamente tentamos esconder a podridão que mantemos em nosso interior e brincamos de viver, como se realmente a sinceridade fosse a coisa mais indesejável.
Mas não podemos mudar, né?! Eu sou assim, você é assim...todos somos. Mudar dá muito trabalho, pensar nos outros é demasiado estressante e amar se torna chato depois de um tempo. Falar mal dos outros é muito mais divertido, bancar a "estrela" é bem mais atraente e elevar nossa auto-estima falida é mais reconfortante, mesmo que por causa dessas coisas permaneçamos vivendo uma grande farsa. Perseguimos a aprovação alheia apenas para podermos mentir para nós mesmos com mais firmeza e tentarmos preencher o buraco crescente que se encontra dentro de cada um, jamais esquecendo que somos mais bonitos, mais inteligentes, mais carismáticos, mais simpáticos e infinitamente melhores que os outros. Nunca deixando de lado a idéia de que o mundo gira em torno de nós e que sempre estamos certos.
Desse jeito "conseguimos", assim erramos e dessa maneira fingimos aprender algo, dissimulando uma falsa evolução e aparentando um crescimento apenas imaginário. Dessa forma caminhamos e mentimos para o mundo, tentando enganar nós mesmos e persistindo no erro eterno. Essa é a caminhada, dessa forma prosseguimos e sem jamais parar continuamos caminhando, mesmo sem ter idéia do nosso rumo...

sábado, 18 de julho de 2009

Your fall, my fall...maybe our fall!

Cada dia que passo percebo que entendo menos as pessoas. Embora, ao mesmo tempo, posso dizer que a cada momento compreendo mais a maneira de agirem. Eu mesmo pergunto como isso é possível, mas se alguém sente o mesmo sabe como é (bom, tem uma cópia de mim que deve sentir a mesma coisa).
Eu me esforcei, tentei, lutei e batalhei, mas pelo visto falhei. Não falhei comigo, o que, sem dúvida, torna as coisas muito piores. Falhei com alguém e desconheço o motivo. Sempre senti que era comigo e aquela conversa só veio pra confirmar a coisa toda, mesmo que o sonho tenha sido extremamente estranho. Desde então assumi a posição e continuei, mais forte que antes e tão decidido que nada poderia me abalar. Mas aí vem a grande questão: como insitir quando, claramente, recebemos um "não"?
É, é com esse problema que lido. Muitos podem imaginar: "amor não correspondido". Digo que gostaria muito que realmente fosse, mas, pra minha infelicidade, não é. Não sei mais o que acontece, não existe uma maneira de perguntar, me sinto rejeitado e impossibilitado de fazer algo. É indiscutivelmente uma sensação de impotência grande, que consegue abater qualquer um.
Meu caminho está muito bem traçado, até porque sei perfeitamente que se dele me afastar não terei mais nada. Pode parecer exagero, mas sei o que digo (no caso, escrevo). O grande problema é que eu realmente acreditei na minha capacidade, achei, pra valer, que poderia ajudar e quem sabe até resgatar. Todavia, estava bem enganado. Não sei o que fazer, tampouco quero falar disso com qualquer pessoa. Só precisava mesmo escrever sobre e desabafar, mesmo que fosse em algum lugar onde provavelmente ninguém veria.
E aqui estamos nós. Eu estou em pé, tentando e lutando. Posso lutar por mim, mas não sei o que fazer por você. É triste saber que a confiança foi perdida, imaginar que tudo aquilo foi embora e sem ao menos existir um motivo. Gostaria muito de ter feito algo muito errado, pelo menos assim saberia o porquê de todas essas coisas. Mas não fiz, não errei em ponto algum. Tentei o máximo que pude. Mas é o que sempre me disseram: não adianta tentar tirar alguém do poço se a pessoa quer continuar lá.

Keep trying!

A gente pensa, repensa, analisa, observa, decide, encara
Quebra a cara, revolta, desanima, chora, desiste
Levanta, cai, levanta e anda um pouco
Cai novamente, pensa em desistir
Espera, levanta, caminha, se alegra
Pula, canta, grita, ri com a alma
Choca, deprime, cai novamente
Desiste de vez, se isola, desanima totalmente e esquece
Esquece o que esqueceu e lembra o que pensava
Pensa, repensa, analisa, observa, analisa mais um pouco e decide
Encara e quebra a cara, mas agora mais forte
Cai e acha que o mundo vai acabar
Mas logo logo levanta novamente pra recomeçar tudo
E assim a vida vai, os dias passam
É difícil tentar, insitir, não desanimar, acreditar
Só que a felicidade não é de graça, precisa ser conquistada
Às vezes esquecemos disso e desistimos
O importante é nunca se dar por vencido
Como já dizia um sábio provérbio: "Fracassar não é cair, é recusar-se a levantar"
Assino embaixo!
Viver tentando, viver insistindo, viver lutando
Cair, levantar, tentar, cair, levantar, tentar...
Sem olhar pra trás, sem desistir, sem esquecer o que importa
Porque a recompensa vem, cedo ou tarde
E quando isso acontecer tudo terá valido a pena!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Caminho

É engraçado como nós sempre pensamos nas coisas do jeito mais fácil
Diria até que é cômica a maneira como vemos o que fazemos
Temos a idéia formada de que tudo será belo, as coisas correrão bem e não haverá obstáculos
É...a falibilidade dos planos humanos é assustadora
Talvez imaginemos que o nosso caminho é o melhor, mais fácil e que nele só encontraremos alegria
Mas, pra infelicidade de muitos, as coisas não fucionam assim
Os dias correm, o tempo passa, as horas voam e nós continuamos tentando
É impossível prever onde tudo vai dar
Mas seria totalmente errado desistir de tudo pelas dificuldades
Afinal, quem disse que tudo seria fácil?
Se alguém disse isso um dia, me perdoe, mas estava extremamente errado
Fácil, eu diria, é uma das pouquíssimas coisas que não é
Mas quando vemos tudo isso é bom lembrar de uma bela palavra
Uma palavra que nos faz continuar e acreditar que tudo dará certo
Perseverança!
Isso é o que eu mais tenho ouvido, mesmo que seja a coisa mais difícil de fazer
Perseverar...
É, é impossível dizer que eu não esteja tentando
Para ser mais sincero...acho que nunca tentei tanto!
Mas uma vez perto, impossível ficar distante novamente
E é por isso que eu lutarei, mesmo que isso possa custar todas as minhas forças
E se a luta ficar mais difícil, ainda assim continuarei tentando
Pode até ser que eu morra tentando, sem jamais obter resultados
Mas desistir é a única coisa que nunca farei!

domingo, 21 de junho de 2009

A mudança

Às vezes nos sentimos tão certos, tão inteligentes e tão convencidos que esquecemos muita coisa
Não consigo mais ver as coisas da mesma forma, porque elas simplesmente não são
Percebi que tudo vai muito além daquilo que os olhos podem enxergar
E agora eu quero ir, quero ir como nunca me atrevi e descobrir aquilo que sempre procurei
As respostas estão todas em Tuas mãos e para Ti eu quero me entregar
Porque nada pode tomar o Teu lugar na minha vida
Descobri aquele amor do qual muitos falavam e experimentei a plenitude lá no fundo da alma
Agora quero caminhar, quero seguir em frente
Às vezes as lutas me fazem pensar em desistir, mas o amor que sinto me faz continuar a andar
E saiba, nesse momento, que jamais quero me afastar
Porque preciso disso a cada momento, preciso sentir a verdadeira vida a cada dia
E sei que muitos passos ainda devem ser dados e vejo o tamanho do caminho
Mas isso não me tirará da direção para a qual estou olhando
Pois se acredito sei que és e se sinto então permaneço
A força, outrora inexistente, agora toma conta de mim e me faz querer prosseguir
Obrigado por tudo. Obrigado por não me abandonar. Obrigado por existir.
E, acima de tudo, obrigado por me amar tanto!

sábado, 20 de junho de 2009

Coisas sendo mudadas

Agora finalmente estou despertando
É aquela fase nova, a qual já nem tinha mais esperança que chegaria
As coisas estão mudando muito rápido e sei que isso não acontece pelas minhas mãos
Finalmente me encontrei e sei que agora quero estar debaixo desse amor eternamente
Tudo está sendo transformado e minha vida está mudando pra muito melhor
Só tenho a agradecer a Ele por isso, porque a obra não é minha
Vejo coisas e sinto outras que jamais imaginei
Nasceu em mim aquilo que eu tinha certeza que jamais teria: fé!
E daqui pra frente tudo só vai melhorar, creio piamente nisso
A batalha é árdua, o caminho é bem difícil, mas todo o esforço vale a pena
Até porque agora sei muito bem que não estou sozinho
Quanto as outras coisas, tudo virá ao seu tempo e isso sei muito bem
Sei que, tirando essa parte que citei, ainda tenho um forte sentimento
Coisa que nunca senti por outra pessoa e não sei se chegarei a sentir novamente
Só sei que é um dos sentimentos mais maravilhosos desse mundo
Se pudesse estaria 24 horas contigo, porque é isso que me faz bem
Não necessito de nada além do que já tenho, porque tua presença já me completa
Sei que se o amor verdadeiro existe posso chamá-lo, sem dúvida, pelo seu nome
E não importa quanto tempo passe, pra mim você estará sempre guardado!

domingo, 24 de maio de 2009

Mudando as coisas!

Semana complicada...sentimentos exacerbados, novas experiências, sensações indescritíveis, esperanças e frustrações. O complexo de inferioridade continua me acompanhando e isso ainda estraga muita coisa.
É...eu tive minha resposta. Mas admito que seria mais fácil se ela fosse bem diferente. Agora o jeito é continuar e tentar vencer os obstáculos, afinal, nada é impossível. Não sei o que você quer, mas sei muito bem o que eu quero. Talvez dê certo, talvez não dê. Contudo, estou certo que uma grande lição tirarei de tudo isso.
Dessa vez não pretendo nem pensar em desistir, porque sei (e já ouvi) que preciso insistir em tudo isso. Fora que é mais honroso falhar tentando que simplesmente se render, transformar a si mesmo em incapaz. E agora seja o que Deus quiser...
Vinte e seis ou dezessete? Bom, a diferença é só de 9 ;)
Agora começo a tomar meu rumo, dar alguns passos a mais e me dedicar a outras coisas que estão começando a ficar esquecidas. Seja o que Deus quiser. Só sei que disso tudo não sairei igual ao que era antes. Isso eu garanto!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

It's raining again

E hoje, depois de uma série de tapas na cara (aliás, venho levando muitos ultimamente), voltei pra casa pensando tanto quanto sempre faço. Refleti muito sobre tudo e eis que estava ouvindo Enigma (pra variar só um bocado). Mas o detalhe mais importante, o ponto crucial, é que estava chovendo.
Tá, não é nenhuma grande novidade que eu gosto muito de chuva. Isso não é atual, é uma das coisas que desde que me entendo por gente sempre amei. Mas vai muito mais além de uma simples paixão, um simples gosto, uma simples afinidade. É algo num nível mais profundo.
Não sei explicar o que acontece comigo quando está chovendo, só sei que fico de uma maneira praticamente indescritível. Desconheço completamente as causas dos efeitos que a chuva tem sobre mim, mas os sinto como uma das coisas mais intensas desse mundo. Olhar pra chuva, sentir cada gota tocando minha pele me faz viajar, ser transportado pra um mundo distante. Me tira totalmente dessa realidade e faz com que meu espírito, meu corpo, minhas emoções descansem e se renovem.
Sei que isso é algo esquisito, mas não consigo explicar absolutamente nada disso tudo. Só sei que me sinto outra pessoa durante um banho de chuva ou mesmo quando a vejo caindo mas não a sinto fisicamente. É como se eu fosse lavado por fora e por dentro e tudo que havia de ruim fosse deixado pra trás, restando apenas as melhores coisas possíveis. Por isso amo chuva, seja de qualquer jeito. A paz que ela me dá é incomparável e inigualável a qualquer outro sentimento ou qualquer outra coisa na face dessa Terra.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Voyageur

E a mente vai longe, onde nada mais pode alcançar
Pensar é literalmente viajar
Quem disse que só o corpo físico experimenta as sensações?
Estamos presos dentro de nós, dentro daquilo que criamos
E para voar não precisamos de asas
Tampouco existe a necessidade de saber para onde vamos
Basta penetrar a essência do que somos
Encontramos as respostas e lugares incríveis se abrem diante de nossos olhos
É preciso saber andar, saber caminhar, saber continuar
Sem pensar atingimos aquilo que não conhecemos
Porque sabedoria é diferente de conhecimento
Saber agir é muito distinto do que aprendemos na teoria
Então, venha até mim viajante e eu lhe mostrarei o caminho
O céu não é o limite e não existe barreira intransponível
Hora de voar, ir para os lugares mais distantes e retornar em poucos segundos
Já é tarde para continuar na mesma posição
Imagine, viaje, cresça, aprenda, evolua!
O caminho é esse, a mente é a chave e no coração estão as respostas
Simplesmente abra as asas e vá o mais longe que conseguir
Porque, assim como eu, és mais um viajante.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pirei!

Loucos são aqueles que deixam de amar e vivem como se possuíssem a eternidade em suas mãos”

Pensar, sentir, tocar e respirar! A vida é uma imensa reunião de absolutamente tudo aquilo que presenciamos e conhecemos. Um verdadeiro jogo que jamais chega ao seu fim.
Diariamente revivemos inúmeras situações, adquirimos experiência e descobrimos “atalhos” novos que talvez nos ajudem a trilhar e vencer obstáculos nesse grande caminho chamado existência. Contudo, existem grandes questões que o homem ainda não pode responder; as quais muitas pessoas nem se atrevem a pensar. Estaremos nós realmente vivendo ou será apenas uma ilusão? Deus existe ou é somente mais uma invenção? Como o Universo foi criado? Existe mesmo vida fora da Terra?
São essas e muitas outras perguntas que sempre atormentaram a humanidade e permanecem até os dias de hoje sem uma resposta clara e objetiva, deixando as lacunas do conhecimento científico ser respondidas por interpretações e visões pessoais.
A vida! O que é a vida? Acordar, levantar, trabalhar, comer, dormir. Será apenas isso ou haverá algo além do que possamos imaginar? Para onde iremos quando morrermos? Existe vida após a morte? Céu e Inferno são conceitos verídicos ou apenas mais duas das mirabolantes idéias para controlar o pensamento da população? Muitos tentam responder, porém ninguém jamais conseguiu concretizar suas afirmações e baseá-las em fatos reais e incontestáveis, criando o que conhecemos por fé.
Fé; um conjunto de idéias compondo uma crença, convicção de algo, luta incessante e esperançosa por alguma coisa. Por que ter fé? Qual motivo leva uma pessoa a crer plenamente em uma religião? Por que não contestar o mundo ao seu redor sem aceitar idéias passadas de geração para geração? A Bíblia é verdadeira? Existe mesmo uma força maior criadora do mundo que conhecemos ou tudo não passa de simples físico-química?
O ser humano vem desenvolvendo ao longo de sua existência aquilo que chamamos de tecnologia, implantando novos meios e descobrindo caminhos que o levam a ter uma vida melhor. Contudo, toda ação possui uma reação e hoje, em conseqüência disso, acordamos em um mundo “preocupado” com o meio ambiente e catástrofes naturais ocasionadas pela atuação da raça mais suja que um dia já pisou na face da Terra. Então nos perguntamos se todos esses esforços valerão tanto quando uma crise de escala inimaginável se estabelecer definitivamente. Talvez ousemos pensar que somos tão poderosos e inabaláveis a ponto de poder controlar uma força simplesmente incontrolável: a natureza.
Muitos enxergam a realidade em que nos encontramos, mas preferem cruzar os braços a levantar-se e reivindicar transformações. Serão loucos, então, os que, vendo as atrocidades se espalhando, gritam e lutam por mudança mesmo sabendo que sozinhos nada podem fazer? Ou aqueles que avistam tudo e sabem que é necessária uma modificação, porém preferem apenas calar-se e fingir que nada vêem? Persistência e esperança são grandes virtudes ou apenas alternativas para os fracassados que não conseguem transformar o seu caminho e aceitar situações totalmente adversas? Corromper-se será total perda de valores ou descoberta de novos grandes amores?
O amor pelos bens materiais está cavando um buraco cada vez mais fundo, do qual, assim que cairmos, encontraremos imensa dificuldade em sair e provavelmente nos levará a destruição. Mas por que amar tanto as riquezas? Aliás, por que amar? Existe mesmo um sentimento tão onipotente e avassalador chamado amor? Não será apenas algo que imaginamos sentir e até nos induzimos a vivenciar?
Vivenciar, viver! É muito mais do que eu possa escrever. A única certeza que possuo é saber que, de fato, nada sei. E agora retiro o que afirmei no começo deste texto, pois não posso mais chamar a vida de jogo ou estrada.
Um grande questionamento! Talvez seja esta a melhor descrição possível para essa idéia. Viver é muito mais do que qualquer um de nós jamais poderá descrever. Existir é algo que vai além da nossa mera e limitada compreensão humana. Pensar demasiadamente sobre todas essas coisas só poderão levar uma pessoa a loucura, tornando-a completamente insana, pois não existem respostas prontas e imediatas para questões sem solução.
Todavia, essas grandes perguntas jamais abandonarão minha mente, afinal são as únicas coisas que ainda me dão a certeza de que existo e permaneço vivo, não me deixando esquecer jamais quem sou e a razão que me faz continuar aqui. Tenho consciência que, provavelmente, jamais conseguirei solucionar estes grandes mistérios, porém estarei tentando até que meus dias sobre este planeta se findem ou talvez apenas esperarei a chegada do momento em que eu veja o meu reflexo no espelho e possa então dizer em alto e bom tom: pirei!

Ps: Essa foi uma redação que escrevi no ano passado. O tema era o título dela, "Pirei".

terça-feira, 5 de maio de 2009

Primeiro passo

É...a confusão continua, mas algumas coisas mudaram
Diria que não pretendo mais ficar da mesma forma
Pensei, pensei, pensei e pensei um pouco mais
Juro que cheguei a imaginar que nunca iria a lugar algum
Esbocei, na minha mente, uma realidade em que nada mudaria
As coisas seguiriam seu curso e eu viveria eternamente louco
Mas, pelo visto, eu estava totalmente errado
Num certo momento deslumbrei o que deveria fazer
E agora sei que caminho seguir, sei para onde devo ir
Será difícil caminhar com todo esse turbilhão de pensamentos
Mas, se eu ao menos tentar, sei que as coisas vão mudar
Porque agora não é mais hora de ficar parado
O tempo está passando, eu estou passando
Tudo está indo embora aos poucos e essa chance pode ser única
É hora de tentar, momento de me levantar
Recomeçar a caminhada que parei há um bom tempo
Talvez aquela caminhada que já havia planejado muito antes de tudo isso
Não importa se era pra acontecer ou não
O que interessa é que nesse momento a direção é única para mim
E sinto, mais do que nunca, que estou fazendo a coisa certa
Então, finalmente, darei o primeiro passo

sexta-feira, 1 de maio de 2009

E o caleidoscópio continua a girar

E agora acho que me decidi
Ou talvez isso seja só temporariamente, como sempre foi
A verdade é que a questão nunca será plenamente respondida
Eu não sei, você não sabe, ninguém sabe
E esse é um dos maiores tormentos
É uma busca eterna por algo inatingível
Mas nada é eterno, então posso afirmar que um dia tudo isso acabará
Então a segunda grande questão é: quando?
No fim a gente sempre acaba descobrindo
Sei que deveria fazer aquilo que sinto ser o certo
Mas como poderei realizar tal coisa se nem mesmo sei o que sinto?
O fato é que tudo é só uma imensa confusão
Não sei se os caminhos convergem para um mesmo ponto
Ou se acabam tomando rumos diferentes e destinos variados
E cada rumo terá o seu determindo fim
O problema é o que vem depois do fim, pois isso nós desconhecemos
Só não consigo ser mais a mesma pessoa que era há 7 anos
As coisas não são mais iguais e nada é definitivo
Pra cada resposta aparece uma nova pergunta
E se não é uma pergunta é outra resposta tão convincente quanto a primeira, porém incompatível com esta
E aí a gente fica nessa de chove-e-não-molha até quando o tempo permitir
Decisão?
Não consigo tomar nenhuma
E a cada dia só existem mais certezas totalmente incertas
E o nosso belíssimo caleidoscópio continua mudando suas figuras

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Confusão

E mais uma vez tudo isso acontece
Às vezes nós pensamos que sabemos, mas no fim admitimos que não sabemos
Afinal, estamos sempre tão enganados
Eu já nem sei mais o que é certo, o que é errado
Sei o que sinto e apenas isso
Embora até os sentimentos tenham se tornado confusos
Só estou perdido, mais nada
Não sei pra onde ir, sinceramente
Quando um diz, o outro cala
Se o primeiro se cala, o segundo começa a falar
E as coisas vão indo assim
O "A" de hoje amanhã será "B"
E o "B" de amanhã logo logo se tornará um "A"
Meu propósito então é libertar-me da dúvida
Mas não é tão fácil quando as questões chegam a essas proporções
E nessa de vai-não-vai, andei-mas-não-andei, eu vou
Aliás, não vou, porque nunca saio do lugar
E se saio acabo sempre retornando a ele
Se estou desperdiçando a minha existência?
Nem eu mesmo sei
Só sei que uma hora ou outra algo precisará ser feito

sábado, 25 de abril de 2009

Turbilhão

E agora tudo que eu precisava é de uma voz suave
O afago gostoso que só o coração sabe dar
As palavras carinhosas ditas com amor
Só queria poder sentir a imensidão do universo sem limites
Voar até as nuvens, ser embalado pela noite e fantasiar com a vida
Brincar com as estrelas, lançar-me no espaço, totalmente sem rumo
Perder-me em meio aos braços que transmitem afeto
E assim dormir, naquele calor aconchegante
Difícil não pensar no diferencial que tudo isso faria
Auto-suficiência é quase inalcançável nesse momento
E, perdido, sonho
Sonho com o inimaginável e a valsa da noite
Penso nas primaveras que ainda virão
Devaneio com a esperança da grande mudança
E flerto com o futuro idealizado, sem vendas em meus olhos
Caminho lentamente enquanto observo as árvores
E ouço a música que me distancia cada vez mais da realidade
Só assim encontro o substituto para aquilo que tanto almejo
Afinal, o vazio, nesse momento, não pode ser preenchido

A chave e o menino - Parte 1 (Dúvidas)

Dezessete anos, estatura média, cabelos claros e olhos negros como a noite. Assim era William, um garoto diferente dos outros e cheio de dúvidas a respeito de tudo. Sua mente era um mistério até mesmo para ele. Talvez fosse louco, isso não se sabe. Mas algo o intrigava a um nível mais profundo.
Desde pequeno morou na mesma casa e sempre houve uma porta que nunca fora aberta. Não sabia o porquê e tampouco lhe importava o que havia por trás dela, embora às vezes batesse aquela curiosidade. Mas isso se sucedeu apenas até que ele completasse quinze anos. Foi nesse momento que as questões começaram a brotar e o mundo inteiro se tornou um mistério a ser desvendado. Nada mais lógico, então, do que se perguntar o que haveria atrás daquela porta.
Contudo, mesmo querendo descobrir os segredos mais profundos jamais revelados, tinha medo do que isso acarretaria. Aliás, temia com todo o coração para onde as respostas o levariam. O que poderia acontecer quando soubesse o resultado da equação? E será que a conta estaria sendo feita corretamente? Existia a possibilidade de a fórmula estar errada. Mas se assim o fosse, quais seriam as conseqüências?
Não sabia e tinha pavor de se arriscar a somar os números. Morria de medo de tropeçar, se perder no caminho e quando percebesse o erro fosse tarde demais para reverter a situação. Porém, não teria que abrir aquela porta para poder saber o que havia ali dentro? Não seria ele o único capaz de encontrar o x e o y de tudo isso? Bom, poderiam até encontrar para ele, só que isso ainda não o daria a certeza de que o raciocínio estava correto.
A porta era tão bela, tão atraente e tão diferente. Não era extravagante. Pelo contrário, era uma das portas mais discretas que William já vira em toda sua existência. Tanto que muitas pessoas que freqüentavam sua casa nem percebiam a existência dela, mesmo passando dezenas de vezes no corredor em que esta se encontrava. Bom, na verdade a porta só era importante para William.
Um dia perguntou aos seus pais sobre o que havia por trás dela e a resposta foi definitiva. “Existe isso, meu filho”, disse sua mãe com toda a certeza. Mas o garoto não se contentava com a resposta, pois era extremamente determinista e pouco provável. Pelo menos muito improvável para a mente confusa de um menino de dezessete anos que se encontrava no estado de William.
Fez diversas pesquisas sobre portas estranhas e muitas delas mostraram universos de possibilidades. Mundos onde tudo era possível e o limite totalmente inexistente. Mas ele achava que tudo aquilo era fantasioso demais e várias vezes se dava por vencido, concluindo que sua mãe tinha razão. Questionou sobre a localização da chave, mas ninguém sabia. Pelo visto estava sozinho nessa jornada. Não porque as pessoas não quisessem ajudá-lo, afinal muitas tentavam. O problema é que nenhuma conseguia dar-lhe uma certeza e as dúvidas cresciam a cada dia.
Aos dezesseis anos algo lhe chamou ainda mais a atenção. Após certo evento que, de início, o traumatizou, começou a ouvir vozes que vinham de dentro dele e tentavam explicar onde a chave estava. Mas as letras pareciam soltas e ele não conseguia juntar as palavras. Tudo era ainda mais confuso e o mundo havia virado uma bagunça. Sentia-se olhando para uma pintura abstrata onde não conseguia achar uma opinião sobre a obra. As interpretações eram muitas, se ligavam em diversos pontos, mas nunca davam a resposta.
E assim as coisas foram acontecendo. Toda a confusão durou pouco mais de um ano. E foi um tempo desesperador, onde não se achava uma base nem nada que pudesse sustentá-lo em seus pensamentos. Sua mente era um mundo do qual queria fugir, mesmo sabendo que não podia. Mas nesse meio tempo as coisas pioraram ainda mais.
Placas, músicas, fotos, comerciais, filmes e pessoas. Tudo ao mesmo tempo. Todos eles iniciaram uma tentativa conjunta e desesperadora de esclarecer os sons das vozes, mas a coisa se tornava cada vez mais confusa. Tudo era surreal e subjetivo, tão subjetivo a ponto de não poder ser decifrado. O barulho parecia ensurdecedor. E todas aquelas coisas juntas o deixavam cada vez mais insano.
Até que um dia, ao ver os símbolos e números nos papéis brancos e ouvir com mais atenção as vozes, William conseguiu finalmente entender o que tudo aquilo queria transmitir. Descobriu, naquele momento, onde estava a chave. E para sua surpresa era o lugar mais óbvio do mundo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Partes de um todo

Encontro

Sonhar,
fantasiar, viajar
Tudo isso faz parte
Buscar é mais do que apenas procurar
E achar é mais do que apenas encontrar.

Vida

Ninguém pode ditar a verdade
Senão aquele que o tempo todo bate
Sabendo ou não o caminho, ele te dirá
E acertando ou errando, você terá tentado.

Observação

Olhar para os lados é fator de grande importância
A rua é grande e não está vazia
Um carro ao longe é mais difícil de distinguir
Mas não quer dizer que este não exista.

Luta

Correndo a gente acaba alcançando
O horizonte sempre se renova
O destino fica mais perto e mais longe a cada passo
E não se pode contar sempre com a mão misteriosa.

União

Caminhos longos e árduos
Terrenos difíceis e angustiantes
A estrada é longa e sem rumo
Mas uma gota d'água sempre levanta o oceano.

Igualdade

Querer o azul e não ignorar o amarelo
Porque o rosa também tem sua importância
Assim como não se pode imaginar o mundo sem o verde
E o preto será sempre o melhor amigo.

Revolução

Correr para o fim da linha
Sabendo que no fim a corrida sempre acaba
Mas a torcida ficará lá eternamente
E os grandes feitos jamais serão esquecidos.


Pois quem tem ouvidos, que ouça. E que tem olhos, veja
Visto que tudo se altera, mas a estrada permanece a mesma
Ângulos mostram a mesma coisa de formas diferentes
E nada do que buscamos pode ser real.

Valerá uma existência sem um objetivo?
Então que se encontre o significado em meio às palavras soltas
O caminho quem constrói é você
Mas o sentido será sempre o mesmo.

"I'm awaking in a new world"

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Tudo e nada!

É, dias vem e dias vão
A gente cresce, o tempo passa
Dúvidas, questões e tantas incertezas
Caminho certo é o mais difícil
Senão cartas, talvez outra coisa
Experiência mais profunda é a alma do negócio
Nem sei quantos dias faltam
Mas a vontade de acordar me consome
Não, não entendo o que o relógio mostra
Só consigo imaginar que algo está sendo dito
Não é bem por aí, se pararmos pra pensar melhor
Ritmo é individual, cada um tem o seu
Crescimento é fundamental e geralmente demorado
Falar em trabalho é fácil quando não se conhece o caminho
Pensar, pensar e pensar
É tão bom como dizem?
Sei lá! Só sei que enquanto me levar pra frente eu continuo andando
E assim a vida continua
E eu tento a cada dia enxergar uma coisa nova
Mas o caleidoscópio gira rápido e eu já esqueci a imagem anterior.